A Cesp confirmou nessa quarta-feira, 18 de novembro, que não se inscreveu para o leilão das 29 usinas que serão relicitadas em 25 de novembro. A companhia não conseguiu fechar parceria com outros interessados nos dois ativos que devolveu à União em julho, as UHEs Silha Solteira e Jupiá, ambas no rio Paraná, entre os estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul. O principal entrave é o financeiro, já que ao final do processo, o bônus de outorga atualizado para as duas centrais somará R$ 14,2 bilhões.

“Não nos inscrevemos e não vamos participar”, definiu o diretor Financeiro e de Relações com Investidores da Cesp, Almir Martins. “Fizemos chamadas públicas e até tivemos dois interessados, mas essas parcerias não se concretizaram”, comentou ele em teleconferência sobre os resultados da companhia no terceiro trimestre.

Conforme já havia informado o presidente da companhia, Mauro Arce, a Cesp chegou a manter conversas com o Banco do Brasil que seria o agente oficial para o financiamento dos valores referentes ao pagamento da outorga. Martins detalhou que a proposta do banco federal era de um empréstimo ponte para a primeira parcela do bônus e que poderia ser paga entre um ano e meio a dois anos o que obrigaria no decorrer desse período a securitização desses recebíveis. Acontece que, acrescentou o diretor da Cesp, o período é considerado curto para essa tomada de decisão.

Martins disse ainda que a geradora chegou a conversar com duas empresas, uma nacional e outra de capital externo, mas para ambas o montante a ser aportado na outorga era considerado relevante. Além disso, a Cesp não teria condições financeiras de participar do leilão de forma isolada porque o montante de capital próprio, na casa de R$ 5 bilhões para o pagamento da outorga, é muito elevado para a empresa.

Com a decisão, a empresa se vê restrita agora a investimentos em novos empreendimentos como vem sendo apregoado tanto pelo governo do estado, controlador da empresa, bem como sua diretoria. Martins lembra que a companhia possui poucos recursos, então o caminho de recompor a capacidade de geração deverá se dar por projetos de menor porte em fontes alternativas e PCHs e como parceiro minoritário.

O destino dos empregados da Cesp nessas usinas deverá ser mesmo o da empresa que vencer a licitação da próxima semana. Martins comentou que é preciso esperar para ver se o leilão realmente ocorrerá e se terá interessados nas usinas. A empresa poderá ficar ainda por seis meses nas duas centrais por conta da operação assistida para entregar a operação de vez aos novos concessionários.