O controle tecnológico dos materiais que são utilizados na construção de grandes obras como uma barragem, por exemplo, é muito importante para a longevidade do empreendimento. Esse controle tende a minimizar problemas, como fissuras ou trincas, que podem provocar interferências negativas na vida útil da estrutura e até, em casos mais extremos, a queda da barragem. O Institutos Lactec há mais de 20 anos trabalha com controle tecnológico e também realiza a fiscalização em campo desse tipo de trabalho realizado por terceiros, normalmente pela própria construtora.

Jeferson Luiz Bronholo, pesquisador do Lactec, conta que esse controle se inicia na avaliação dos materiais que são utilizados na construção de uma barragem. Ele explica que a maioria dos materiais utilizados na produção do concreto para este tipo de construção é oriundo da própria região. A rocha detonada, que dá lugar às estruturas como a casa de força e a própria barragem, depois de britada, vira pedra brita e areia, utilizados na produção do concreto.

"Esse material detonado vai ser utilizado, caso contrário, ele só vai servir como rejeito. Ele é utilizado até pela viabilidade econômica, visto que ele já está ali, no local da obra", comenta o pesquisador. Mas a utilização do material, explica Bronholo, requer a avaliação das suas características físicas, químicas, mecânicas, entre outras. "Entre as características químicas, a mais importante delas é a reação álcali-agregado, que é uma reação expansiva, que ocorre em determinados minérios, quando em contato com os álcalis do cimento, que são principalmente o sódio e o potássio", disse em entrevista à Agência CanalEnergia.

O pesquisador explica que essa reação cria um gel que preenche pequenos vazios que existem no concreto. Como a expansão não para, ao passo que ela preenche todos os vazios, começa a provocar tensões internas que acabam em fissuras. "Essas fissuras aumentam de tamanho, passam a ser consideradas como trincas, rachaduras, numa estrutura como uma barragem, que tem a função de segurar grande quantidade de água, com pressão, fissuras não são bem vindas e isso tende a dar um problema grande", declarou Bronholo.

O pesquisador afirma que o Lactec tem uma estrutura bem montada em Curitiba, no Paraná, com condições de fazer uma varredura minuciosa nos materiais e avaliar se eles tem algum problema. Caso a reação álcali-agregado seja identificada é possível colocar adição no concreto, que faça com que a expansão não aconteça. "Conseguimos fazer isso em Curitiba e até na própria obra, dependendo da estrutura montada. Após elaborar a mistura correta, o controle tecnológico tem por função atuar na execução dos ensaios para que a construtora produza o concreto com as características corretas", conta.

Além disso, o Lactec também pode fiscalizar o controle tecnológico feito por terceiros. Bronholo conta que em muitos casos, a própria construtora tem equipes de controle tecnológico. "Para a empresa, que contratou a construtora, ter certeza que o controle tecnológico está sendo feito de maneira adequada, ela pode contratar o Lactec para fazer a fiscalização", afirma. O pesquisador diz que a vantagem do instituto é que ele possui uma grande estrutura com equipes de mestres e doutores de várias especialidades e equipamentos de última geração. "É difícil a área do conhecimento que não tenhamos especialistas. Nós temos centros, com equipes de doutores e mestre, que conseguem dizer com propriedade o que é bom ou ruim, além de dar um suporte técnico para as empresas que nos contratam", disse.