A leilão de energia de reserva realizado nesta sexta-feira, 13 de novembro, terminou com a contratação de 548,2 MW em projetos eólicos, volume abaixo das expectativas do setor para o certame. Com isso, a fonte chega o ano com 1,2 GW contratados, somando A-3, LFA e LER. Segundo a presidente-executiva da ABEEólica, Élbia Gannoum, a disponibilidade de escoamento da energia foi determinante no resultado do LER. "Esperávamos um pouco mais. Ao saber o porquê que não houve tanta oferta de eólica, concluímos que o fator principal foi transmissão", disse à Agência CanalEnergia.

Élbia explicou que o setor vive o "ápice" da transição do modelo de contratação de energia. As mudanças nos leilões começaram em 2013, após vários projetos eólicos ficarem prontos sem linhas para escoar a produção. Na sistemática atual, primeiros os empreendedores disputam o acesso ao sistema de transmissão, para depois disputarem o contrato. Élbia esperava que a demanda total do leilão fosse de 2GW, porém só foram contratados 1.447 MW de potência, sendo 929 MW de energia solar. A executiva chamou a atenção para os estados onde a fotovoltaica teve sucesso. Com exceção da Bahia, os demais estados onde se viabilizou projetos solares não têm potencial eólico.

"Temos alguma capacidade de escoamento, mas aonde tem capacidade não têm projetos viáveis para o leilão. A solar ganhou em regiões bem diferentes [do potencial eólico]", disse. A solar viabilizou projetos no Rio Grande do Norte, Pernambuco, Minas Gerais, São Paulo, Tocantins e Bahia; enquanto a eólica na Bahia, Maranhão e Rio Grande do Norte.  Na energia eólica, venderam empresas tradicionais como Gestamp, Delta, EDP Renováveis, Rio Energy, Sovitec e EDF (em consórcio) e Ômega.

Sobre o preço-teto de R$ 213/MWh, Élbia disse que o valor está numa trajetória adequada, mas que ainda não reflete o real custo da indústria eólica. A associação pedia um teto de R$ 230/MWh. "Hoje temos pouquíssimos lugares que têm conexão e nesses lugares o projeto não estava viável no preço", disse.

A fonte eólica apresentou um preço médio de R$ 203,46/MWh no leilão, deságio de apenas 4,48%. "O fato do deságio ter sido pequeno confirma a minha tese. Embora o preço esteja numa trajetória razoável, ainda não é o preço teto de equilíbrio da energia eólica."  A fonte solar apresentou um deságio recorde de 21,85%, vendendo a R$ 297,75 (média) contra o preço inicial de R$ 381/MWh. O deságio médio total do leilão foi de 15,35%, o que representou uma economia de R$ 4 bilhões para os consumidores de energia. Os 53 projetos vão movimentar R$ 6,8 bilhões em investimentos. Os empreendimentos entrarão em operação em 1º de novembro de 2018.