A EDP no Brasil se manterá focada nos próximos dois anos na execução dos projetos que está tocando no momento, as UHEs Santo Antônio do Jari, Cachoeira Caldeirão e São Manoel. Essa é a orientação da companhia para 2016 e uma parte de 2017. Com isso, a perspectiva é de que a companhia volte a disputar novos leilões de geração apenas em 2017 ou em 2018. A relicitação de 25 de novembro e a venda de distribuidoras da Eletrobras não estão no radar da geradora.

“Tenho dito que nosso foco é a execução de projetos e não queria desiludir os acionistas com a mudança de foco, temos clareza de nossa estratégia. Vamos privilegiar a prudência, na privatização das distribuidoras da Eletrobras nós não participaremos do processo”, afirmou o CEO da empresa, Miguel Setas, em reunião pública com analistas e investidores realizada pela Apimec-SP.
O executivo lembra que a companhia não teve uma boa experiência com a Enersul e que por isso não repetirá a experiência. Quanto ao conjunto de 29 UHEs que serão relicitadas Setas reafirmou que há quatro pontos que norteiam a decisão de não entrar no leilão do próximo dia 25. O primeiro é a manutenção de um endividamento prudente da empresa até porque a companhia teve a consolidação do financiamento da UTE Pecém I de cerca de R$ 2 bilhões em seu balanço com a aquisição dos outros 50% daquela usina junto à Eneva e que a meta é manter a alavancagem em no máximo 3 vezes a dívida líquida sobre o ebitda.
O segundo argumento é que o momento não está favorável para recorrer ao mercado na obtenção de recursos para investimentos. O terceiro é que a rentabilidade da maioria dos projetos que serão colocados na relicitação, na avaliação da EDP, não atendem ao custo de capital da empresa. Setas relata que apenas dois se enquadram nesse parâmetro e são pequenas usinas que não estão na área de atuação da companhia. “Depois de sair do Mato Grosso do Sul não faria sentido do ponto de vista estratégico entrar em outro estado como Paraná ou Minas Gerais onde não estamos e não teríamos sinergias”, comentou ele.
O último ponto é o risco. Isso porque que não há tempo hábil para a realização de um due diligence dos ativos e associado a isso a incerteza sobre com quem ficariam os riscos de contingências atuais. Por essa razão a EDP classificou o período como escasso para uma decisão desse porte.
“Para ser claro, olhamos as transações no mercado para a criação de valor. Eu diria que não temos movimentos para fazer por prudência. A execução está no foco para a manutenção de um balanço saudável, mas é claro que é nossa obrigação olhar para as oportunidades que surgirem”, encerrou Setas.