A Tractebel afirmou que ainda está fazendo a análise da proposta que o governo fez para a repactuação do risco hidrológico. O ponto que ainda deixa dúvidas em relação à adesão ou não é o mesmo que apontou outros agentes e a Abiape: a proposta é o mercado livre. Segundo a empresa, ainda faltam informações que precisam ser mais bem delineadas para que possa ter uma ideia mais clara sobre o que está sendo oferecido e verificar se essa solução é vantajosa ou não.

“Entendemos que a proposta do governo está aos poucos melhorando. Achamos que ainda tem algumas melhorias a serem alcançadas, principalmente no mercado livre que precisam ser mais bem delineadas. Agora estamos esclarecendo os pontos para ter ideia mais clara e fazer nossas contas para ver o que é vantajoso”, disse o diretor Financeiro e de Relações com Investidores da Tractebel, Eduardo Sattamini. “Não tenho como detalhar o impacto da proposta porque ainda está em análise”, acrescentou o executivo em teleconferência com analistas e investidores sobre os resultados do terceiro trimestre do ano.
Em sua avaliação a proposta de contratação de energia de reserva para a solução do GSF é complexa e que esse é o ponto principal da dúvida na adesão. Desde pelo menos 2012 a parcela da energia da companhia destinada aos clientes livres vem aumentando sistematicamente. Naquele ano era de 34% do total e a estimativa para encerrar 2015 é de 50%, mesmo volume estimado para 2016.
Uma das certezas que a empresa possui, pelo menos, é a de que o prazo para a adesão das empresas, até 4 de dezembro é considerado suficiente, apesar de apertado para algumas organizações.
Sobre a participação da empresa no leilão de usinas cujos contratos de concessão não foram renovados, Sattamini disse que além de avaliar os ativos que serão disputados no dia 25 deste mês, a participação da empresa poderá se dar via Tractebel diretamente. Isso porque no modelo de negócios do grupo, a Engie (ex-GSF Suez) assume o risco de engenharia, mas que nesse caso, como não há esse risco, a Tractebel é quem poderia participar sem a a presença da controladora, uma forma diferente do que ocorreu com a UHE Jirau (R0, 3.750 MW).
“O leilão do dia 25 ainda está em avaliação, seja para bidar sozinhos ou em grupo, a nossa opção será por meio da Tractebel e com a Engie, entraríamos no modo M&A dentro da Tractebel Energia”, comentou Sattamini que ressaltou ainda que a decisão obviamente passa pela aprovação da controladora. Sobre a expansão da capacidade de geração da empresa, ele disse que passa pela participação da empresa nos leilões de energia nova A-5 e de reserva. No primeiro com projetos eólicos e no segundo por meio da fonte solar.
Já na avaliação da empresa, a participação no A-1 ainda dependerá muito do que acontecer com a solução para o GSF porque, segundo Sattamini, a companhia precisa saber qual serpa do volume de energia que poderá ser comercializado no período. Em 2016 a empresa reportou que há 246 MW médios descontratados, o equivalente a 5,6% dos recursos totais da companhia. No momento, disse Sattamini, ainda há a expectativa de que no ano que vem ainda tenhamos um nível razoável de geração térmica. Além disso, ele lembrou que a companhia considera um nível médio de descontratação de 10% como o ideal para atender ao momento de incertezas com o deficit hídrico.