Debatedores presentes em audiência pública da Comissão Mista de Mudanças Climáticas do Congresso Nacional defenderam na última quarta-feira, 4 de novembro, a diminuição da vazão do reservatório de Sobradinho, no Rio São Francisco, que deverá passar dos atuais 900 para 800 metros cúbicos por segundo.

O diretor de Operação da Chesf, José Ailton de Lima, afirmou que o que está em discussão para reduzir essa vazão não é a geração de energia elétrica, porque ela já é gerada por outras fontes, mas sim estender o estoque de água do reservatório de Sobradinho ao máximo possível. Ele explicou que, se não chover ou se a vazão não for diminuída, no mês de dezembro, a água do reservatório acabará e será preciso utilizar a água do que chamam “volume morto” da bacia.

Segundo ele, o uso dessa água não é uma questão trivial, já que existem dúvidas se ela é adequada para o consumo humano. José Ailton ressaltou que a diminuição da vazão não deve ser atribuída à Chesf, mas ao interesse dos vários usos da bacia. Ele destacou a importância da busca conjunta de soluções para o problema. Segundo o Diretor, outras áreas do governo e do próprio legislativo deveriam formalizar uma reivindicação ao Ibama colocando a necessidade dessa diminuição.

O diretor-presidente da Agência Nacional de Águas, Vicente Andreu Guillo, afirmou que a ANA já recebeu o pedido para a redução da vazão em Sobradinho e, no máximo em uma semana, a agência divulgará nota técnica sobre o assunto. O executivo disse que, resguardado o uso prioritário da água para abastecimento humano, a ANA se manifestará pela redução da vazão. Vicente Andreu explicou que existem limitações de uso do reservatório de Três Marias, em Minas Gerais, em trecho anterior do rio, para regular a vazão. Ele explicou que a redução da vazão de Sobradinho será feita de forma gradual e deve se iniciar até o início de dezembro. Ele ainda destacou a importância de outros atores e dos estados se manifestarem sobre o assunto. Para Andreu, o tema deve ser visto de forma integrada e órgãos como a Chesf não podem ser criminalizados em relação às decisões que tiveram que ser tomadas.

Ao redor do lago de Sobradinho operam muitos dos distritos irrigados implantados pela Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco, o maior deles se trata do perímetro Nilo Coelho, que estava sob ameaça de ficar sem água já em meados de dezembro. Na região, a situação era mais crítica porque a captação para esse projeto, na sua concepção original, só permite a retirada de água do volume útil da barragem. Por isso, a Codevasf já vinha executando conjunto de obras para garantir captação da chamada reserva morta, já que o volume mínimo útil seria atingido em meados de dezembro. O diretor da Codevasf, Luis Napoleão, afirmou que as obras ficarão prontas ainda no mês de novembro. Segundo ele, existem 67 equipamentos e 145 pessoas trabalhando na obra.

As informações são da Agência Senado