A AES Eletropaulo (SP) encontrou erro em sua forma de calcular os indicadores de qualidade DEC e FEC de janeiro de 2014 a maio deste ano. Esses índices, que ao final de 2014 estavam em 8,86 horas e 3,81 vezes, respectivamente passaram de forma preliminar a 20,04 horas e 5,56 vezes ao final do terceiro trimestre de 2015. Segundo o presidente da empresa, Britaldo Soares, foi identificada em auditoria interna uma inconsistência nesses números e que a Agência Nacional de Energia Elétrica já foi informada sobre o fato.
O executivo afirmou em teleconferência com analistas e investidores realizada na manhã desta quinta-feira, 5 de novembro, que essa variação está associada com os eventos climáticos mais intensos registrados na área de concessão da empresa em dezembro de 2014 e em janeiro deste ano, que foram responsáveis por mais de 7 horas no indicador de duração da interrupção do fornecimento.
Com isso, explicou ele, a empresa iniciou uma análise que deverá terminar em dezembro para rever os números finais desses indicadores. O DEC ficou acima do limite estabelecido pela agência reguladora na referência de 2014 que é de 8,29 horas. Já o FEC possui limite de 6,36 vezes para os últimos 12 meses.
“Temos um plano de recuperação dos indicadores que levarão a um investimento adicional de R$ 300 milhões até 2017”, acrescentou o diretor Financeiro e de Relações com Investidores da distribuidora, Francisco Morandi. No plano está a realização de 260 mil podas adicionais e manutenção em mais 3,3 mil quilômetros da rede da empresa. Outra medida que a concessionária tomará é a análise dos dados de 2011 a 2013, mas, para esse período a empresa acredita que os números não deverão apresentar variação mais expressiva.
“Para o período de 2011 a 2013, não temos uma estimativa, o que eu posso dizer é que os percentuais de expurgo desses anos são inferiores às inconsistências de 2014 a 2015 que foi influenciado pelos dias críticos que tivemos no ano passado”, afirmou Soares na teleconferência. “Estamos trabalhando com a Aneel desde que identificamos essa inconsistência e a agência está informada de cada passo que estamos dando. Como isso precisa ser reprocessado até dezembro para as compensações necessárias”, acrescentou.
A distribuidora disse ainda que a perspectiva de demanda neste ano deverá ficar 4,5% menor do que visto no ano passado. Esse comportamento deve-se ao desempenho da economia e a redução de carga da indústria associada à queda de demanda da classe residencial em decorrência da elevação das tarifas. Segundo reportou a Eletropaulo, o tiquete médio da empresa aumentou em 119% mesmo com a retração da demanda e um aumento de 1% na base de cientes da empresa.
Com isso, a perspectiva da empresa é de estar com sobrecontratação. A companhia estima estar com contratos referentes a 108% da demanda. Com essa situação a companhia vê na liquidação do excedente no mercado de curto prazo uma forma de compensar as perdas de receita decorrentes da queda da demanda. A expectativa é de que a companhia consiga R$ 50 milhões com essa liquidação ao PLD.
Outro impacto que a empresa pode ter é quanto ao processo que está em tramitação na justiça e envolve a Eletrobras e a Cteep referente a um empréstimo ainda quando as atividades do setor eram estatais. A Eletropaulo irá questionar a conclusão do laudo pericial desse caso em decorrência de discordar da avaliação no laudo recebido. A empresa reforçou o que já havia afirmado de que as premissas consideradas no documento seguiram o que a companhia defendia mas que o perito resolveu dar uma interpretação jurídica que foi, na opinião da distribuidora, contraditória ao documento. Contudo, não deverá haver nenhuma decisão do caso de R$ 2,2 bilhões antes do segundo trimestre do ano que vem.