As projeções da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica já começam a apontar para uma reversão do cenário de déficit hídrico que vem afetando o país há dois anos. Segundo os cálculos da CCEE, utilizando o mesmo perfil de sazonalização ocorrido este ano para as projeções de 2016, no mês de maio do ano que vem já seria possível verificar a produção de energia secundária no SIN. Essa indicação leva em conta as projeções de ENA e de despacho térmico por segurança energética, que levariam ainda assim a um fator de ajuste do MRE de 98%, ou seja, ainda abaixo da garantia física das usinas.
A CCEE apresentou a partir desse mês uma nova projeção, levando em conta os dados de pior série histórica no SIN, ainda no biênio 1952/1953 acrescido do despacho por segurança energética. Caso esse cenário repita-se, o país ainda teria que conviver com o déficit hídrico. Nesse caso, não seria registrada a geração de energia secundária e o GSF ficaria ainda pior do que a projeção de 84,7% estimada para este ano. Caso o cenário fique ainda mais pressionado o país poderia reportar um fator de ajuste do MRE de 83,9%.
Assim como na tendência de geração, a projeção de ESS e custos devidos ao descolamento entre CMO e PLD seguem o mesmo caminho. No primeiro cenário, apontou a CCEE em sua apresentação mensal InfoPLD, o valor alcançado seria de R$ 4,329 bilhões ante um valor estimado esse ano de R$ 5,562 bilhões. Já no caso mais extremo, esse valor saltaria para R$ 5,713 bilhões no ano que vem.
Conforme apresentou a CCEE, o fator de ajuste do MRE para este ano está projetado em 84,7%, uma piora em relação até o acumulado deste ano que está em 91,4%. Esse indicador deve-se ao resultado preliminar de outubro de 93,8%, o melhor desde o início do ano. Ao longo dos dias do mês passado foi registrada geração hidráulica acima da GF sazonalizada em nove dos 31 dias de outubro. Em outras nove oportunidades a geração ficou abaixo de 90%.  Já a projeção do fator de ajuste de novembro é de 92,9%.
“O destaque é o comportamento da carga que ao se observar ao longo do ano temos que a demanda ficou sistematicamente abaixo do previsto inicialmente. A tendência é de fechar o ano com uma redução entre 3% e 4% do que era previsto no início de 2015”, explicou o gerente de preços da CCEE, Rodrigo Sacchi.
A projeção de Encargos de Serviço do Sistema deverá ficar em R$ 616 milhões no mês de outubro. Já em novembro, com a perspectiva de um déficit maior, a previsão aponta para um valor de R$ 726 milhões. Com isso, na somatória do ano de 2015, as projeções da CCEE apontam um montante acumulado de cerca de R$ 6 bilhões, um montante que Sacchi disse ser esperado pela câmara. Contudo, esse representa a metade do que se projetava antes dos desligamentos das térmicas de CVU acima de R$ 600/MWh que era de R$ 12 bilhões.
Outro fator que chamou a atenção nessa apresentação é a baixa hidrologia que poderá levar o NE à pior série histórica de vazões em 85 anos. De janeiro a outubro deste ano, a região registrou o pior índice de vazões em porcentagem da MLT de todo o período. Em outros dois meses ficou com o segundo pior indicador e em uma oportunidade com o terceiro pior índice. Sendo que no último trimestre esse submercado apresentou o pior nível de vazões da série.
Não é à toa que no horizonte de 14 meses é o submercado NE que tem a maior demora na projeção de queda do PLD. Enquanto nos três outros subsistemas o valor tende a recuar para abaixo de R$ 100/MWh em janeiro de 2016, no NE esse patamar poderá ser alcançado apenas em junho do ano que vem.
Em termos de ENA, a tendência até o final do ano que vem é de que as vazões acompanhem a média histórica segundo a projeção mista da CCEE. Já quando se olha para a pior série histórica a ENA projetada varia durante o ano, até agosto, mas a partir de então, segue de perto a média histórica. Novamente é no NE que se tem o pior desempenho de energia natural afluente até mesmo com a linha da projeção atual da CCEE em um patamar inferior à pior da série histórica. Segundo a CCEE, no Norte pode se notar uma piora no cenário no primeiro semestre mas ambas as linhas (projeção mista e de pior série) acompanham a média do segundo semestre. No Sul e no SE/CO apenas a pior série que traria um nível de vazões em volume significativamente abaixo da média no primeiro semestre.
A tendência de armazenamento aponta para uma queda de 2 pontos porcentuais entre outubro e novembro e a partir daí uma elevação que pode chegar a 73% em maio, 49% em novembro e encerra o ano de 2016 com 51%. Na análise de sensibilidade feita as projeções indicam que no cenário de pior série esses indicadores apontam pico de armazenamento de 34% em abril até o mínimo de 13% em setembro e outubro, chegando a dezembro com 20% da capacidade de armazenamento.