As obras da usina hidrelétrica São Roque, de propriedade da Engevix, foram paralisadas na última quinta-feira, 29 de outubro. Segundo a companhia, o motivo é a descontinuidade nas liberações do financiamento por parte do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social. Enio Schneider, diretor superintendente da UHE São Roque, contou que os repasses previstos para setembro e outubro não foram realizados.
Segundo ele, a empresa está adimplente com suas obrigações junto ao banco. "O equity que nós tinhamos que ter aportado até agora foi aportado", contou Schneider à Agência CanalEnergia. A empresa está em negociações com o banco para tentar a liberação dos recursos o mais rápido possível. Procurado, o BNDES não comentou o assunto.
A empresa colocou em férias coletivas 728 colaboradores, desmobilizou 230 empregados de empresas subcontratadas e demitiu outras 160 pessoas. De acordo com o diretor, o recurso de férias coletivas está sendo utilizado para ganhar algum tempo na busca de uma solução para o problema e, assim, evitar a paralisação sem prazo definido e a demissão de mais de 1.000 pessoas, impactando diretamente no desenvolvimento da região.
"Temos um prazo muito curto para equacionar essa questão. Se não for equacionado em 15 dias, essas férias viram demissões", disse. Ele contou que o acionista fez aportes na usina equivalente a parcela do financiamento, de forma a permitir que o trabalho continuasse por cerca de 30 a 40 dias antes de ser tomada a decisão de colocar os trabalhadores em férias coletivas. "O acionista não tem como fazer um novo aporte esse mês e eu não tenho como assumir novos compromissos financeiros", afirmou.
A UHE São Roque está com 68% das obras concluídas e já firmou acordo amigável com cerca de 70% dos proprietários das áreas que serão atingidas. O início da operação comercial estava previsto para julho de 2016, mas a ideia do empreendedor era antecipar em um mês. O cronograma pode ficar comprometido caso não haja a retomada das obras após as férias coletivas.
"Se a gente puder retomar o trabalho logo após as férias dos trabalhadores, a gente consegue recuperar. Agora, se paralisar de fato, aí complica, porque a questão não é só recontratar empregados, a questão é que se perde espaço nas fábricas, o equipamento sai da linha de fabricação, entra outro equipamento. É uma situação bastante complicada", apontou Schneider.
O investimento total do empreendimento é de R$ 820 milhões, 60% dos quais serão gastos na própria região. Já foram aplicados, segundo a companhia, R$ 530 milhões, dos quais R$ 222 milhões de recursos próprios e o restante oriundos do financiamento. A usina terá uma capacidade instalada de 142 MW, gerando 820 milhões de KWh por ano, o que equivale ao consumo residencial das cidades de Joinville, Florianópolis, Blumenau e Chapecó.