A privatização da Celg D foi motivo de bate-boca entre o senador Ronaldo Caiado (DEM-GO) e o ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, em audiência pública na Comissão Mista de Mudanças Climáticas. Caiado levantou o tom por considerar desrespeitosa a atitude do ministro diante de suas colocações e irritou Braga, que o chamou de desequilibrado. A discussão foi tensa e por pouco não resultou em agressão física.
Censurado por parlamentares, o senador goiano deixou o plenário, enquanto o ministro recebia o apoio dos integrantes da comissão. Braga pediu ao presidente, Fernando Bezerra (PSB-PE) que solicitasse as cópias taquigráficas e de audio e vídeo da sessão para tomar as providências necessárias contra Caiado. Ele chamou o parlamentar de mau caráter e disse que como senador licenciado não poderia entrar com representação no Conselho de Ética do Senado, mas que iria tomar as medidas judiciais cabíveis.
“Era esse encaminhamento que eu ia dar”, adiantou Bezerra. Ele informou que vai encaminhar as notas e a gravação para que a mesa diretora da casa tome providências em relação às agressões. Bezerra explicou ao plenário que o ministro não havia feito nenhum comentário desrespeitoso enquanto o senador democrata se manifestava. “Ele estava me falando que, embora estivesse fora do assunto da audiência na comissão, ele estava se preparando para responder as indagações do senador”, disse.
No encerramento da audiência, Caiado retornou à comissão para reforçar seus argumentos, ao perceber que o assunto havia sido novamente mencionado pelo ministro. Dessa vez, não houve novos atritos. Braga havia dito aos parlamentares presentes que a Celg D tem prejuizos da ordem de R$ 1,1 bilhão por ano. Ele argumentou que a empresa está localizada em um estado emergente e com grande demanda de energia elétrica, o que desperta o interesse do capital privado em uma eventual privatização. A distribuidora teve o controle societário transferido pela Eletrobras e foi incluída no Programa Nacional de Desestatização no inicio deste ano. Ela sera a primeira das sete concessionárias de distribuição federalizadas a ser vendida pela estatal.
Segundo Braga, a Celg tinha uma dívida em dólar que precisava ser equacionada. Ele disse ter recebido a informação de que Ronaldo Caiado se posicionaria contra a venda da empresa e contra o ajuste que reduziria o débito e aumentaria o valor da empresa. “Conversei com o senador e – pasmem, senhores – ouvi dele que esta era um questão de politica local, fruto dos debates eleitorais. E que ele ia marcar posição politica no Congresso Nacional. Legitima. Que marque sua posição politica, mas permita que o estado de Goiás avance”, disse o ministro.