A Tradener obteve da agência de classificação de risco Fitch Ratings a nota A(bra) com perspectiva estável. Essa avaliação, destacou a Fitch, reflete o perfil financeiro da empresa com inexpressivo volume de dívida e forte posição de liquidez, mesmo com o robusto pagamento de dividendos realizado em 2014. Outro ponto ressaltado é o desempenho operacional da comercializadora, que obtém spreads positivos em sua atividade e que se situou em R$ 127,10/MWh no ano passado, o maior em cinco anos e que impactou positivamente no resultado Ebitda de R$ 471 milhões reportado nesse período. No primeiro semestre de 2015, o spread médio da companhia, de R$ 63,32/MWh, se manteve acima dos registrados de 2011 a 2013, com o Ebitda do período de 12 meses encerrado em junho de 2015 atingindo R$ 291 milhões.
A Fitch destacou ainda que a companhia expandiu significativamente suas operações nos últimos anos, com forte crescimento no volume de energia comercializado. Em 2014, reportou a agência de classificação, foram vendidos 3.772 MWh, um volume 23% acima do verificado no ano anterior. Já no primeiro semestre deste ano acumula 2.535 MWh, mesmo volume do reportado no mesmo período do ano passado.
Além dos maiores volumes, o crescimento da receita líquida da Tradener tem refletido a elevação dos preços da energia no Brasil, como resultado da crise hídrica. Em 2014, esse indicador ficou em R$ 1,2 bilhão, patamar 113% acima do que foi registrado em 2013. E, quando comparado nos 12 meses que se encerraram em junho de 2015, há estabilidade.
Em sua avaliação, a Fitch afirma que considera o segmento de comercialização de energia volátil. Esta volatilidade requer da empresa uma estratégia comercial eficiente para manter a lucratividade de suas operações ao longo do tempo, sem que isto gere significativa exposição a risco. A companhia apresenta ainda moderada exposição a seus principais compradores de energia, com os cinco mais relevantes representando 34% e 42% do volume comercializado em 2014 e 2015, respectivamente.
A Tradener, devido a sua estratégia corporativa e à política de risco no segmento de comercialização, não permite vendas de energia sem que haja lastro em contratos de compra de energia durante intervalos superiores a um mês, o que é avaliado positivamente pela agência. No entanto, por sempre apresentar excedente de energia a ser vendido em negociações posteriores, a Fitch considera a possível ocorrência de spread negativo, com potencial pressão sobre sua liquidez, o principal risco para a companhia.
No cenário-base da Fitch, o rating não contempla alterações no escopo das atividades da Tradener, primordialmente concentrada na comercialização de energia, apesar da existência de estudos de projetos no segmento de geração. A concretização da entrada neste novo segmento implicaria a reavaliação das premissas utilizadas pela agência.
A empresa se beneficia da reduzida necessidade de investimento em ativos fixos em seu segmento de negócio, o que contribui para que não haja necessidade de financiamentos. Em seu cenário-base, a Fitch não considera aumento no endividamento da companhia para investimentos em outros segmentos do setor elétrico.
Dentre os fatores que limitam o rating, a Fitch considerou a volatilidade inerente ao setor de comercialização de energia, que pode ser observada pela forte variação da margem de Ebitda da companhia nos últimos anos. A moderada concentração de clientes e o risco de inadimplência também influenciaram a análise. Como a Tradener está vinculada ao setor elétrico brasileiro, o moderado risco regulatório da empresa foi incorporado à avaliação.