O número de 1.019 MW em 78 projetos de Pequenas Centrais Hidrelétricas cadastrados para o próximo leilão A-5, que será realizado em fevereiro do ano que vem, foi comemorado pelo presidente da Associação Brasileira de Pequenas Centrais Hidrelétricas, Ivo Pugnaloni. De acordo com ele, esse valor é próximo de tudo o que já foi contratado pela fonte nos últimos anos. "É um recorde absoluto de PCHs, em nove anos contratamos 1.042 MW, é um feito", afirma. O presidente da associação ainda acredita que o número poderia ser maior, já que mais de 2.200 MW tem licença ambiental e outorga, além de 10 GW disponíveis em potencial.

Ele elogiou a investida feita pelo estado de Santa Catarina, que teve 16 projetos cadastrados. Segundo ele, o plano SC+Energia conseguiu atuar de maneira eficiente no licenciamento ambiental, agilizando o processo e contratando técnicos. Já o alto número do Paraná, que foi o segundo, com 15 projetos, vem após muitos anos de entraves que os empreendedores enfrentavam no âmbito estadual. 

As térmicas a gás, que somam 18.741 MW em 36 projetos, também apareceram de forma expressiva. Apenas o estado do Rio de Janeiro tem sete projetos que totalizam 5.114 MW. Xisto Vieira, presidente da Associação Brasileira de Geradoras Termelétricas, lembra que a maioria das térmicas será abastecida por GNL, que só admite projetos com capacidade elevada, o que justificaria o alto número. Ele também lembra que o número de cadastro sempre é alto, mas que com o passar do tempo, com os requisitos que vão aparecendo e o preço teto fixado, esses projetos não chegam até o momento final da disputa.

Para a viabilização das térmicas, que trariam mais segurança para o sistema, devido a inconstância do regime hídrico dos últimos anos, Vieira pede um preço atrativo que faça com que as usinas saiam do papel. "Para esses projetos não ficarem apenas na inscrição tem que botar um preço adequado, se não o investidor sério não vai participar", avisa.

As térmicas movidas a carvão vieram com uma alta oferta, de 3.056 MW. Para Fernando Luiz Zancan, presidente da Associação Brasileira de Carvão Mineral, o projeto do Amapá, de 600 MW, usando carvão importado é uma novidade, já que os outros ficam na região de Candiota, onde o carvão é mais barato e em Santa Catarina. Para ele, além do preço, a quantidade de energia disponível para a contratação também será importante para o êxito dos projetos no certame, mas os cadastros mostram o interesse dos investidores na fonte. Ele lamenta a decisão da matriz da Engie de não continuar a desenvolver projetos movidos a carvão. Segundo ele, essa é uma discussão dos investidores, motivada por políticas climáticas. A UTE Pampa Sul (RS), da Tractebel, subsidiária da Engie, é o maior investimento no estado no momento, de R$ 1,8 bilhão. A empresa prometia uma expansão da usina dentro em breve.

Sem surpresas e como vem ocorrendo nos últimos certames, a fonte eólica liderou no número de projetos inscritos, que totalizaram 864 e 21.232 MW. Com um extenso portfólio de projetos greenfield, a presidente-executiva da Associação Brasileira de Energia Eólica, Élbia Gannoun, classificou o número como positivo, já que devido ao cenário econômico adverso a fonte continua atraindo o interesse dos investidores. "É uma percepção do mercado de que a despeito da macroeconomia a indústria eólica vem seguindo a sua trajetória sustentável e virtuosa de crescimento", observa.

A maturidade da indústria eólica também deve fazer com que a variação entre os cadastrados e os habilitados não seja grande. Segundo a presidente da ABEEólica, geralmente a queda entre as duas fases é grande, mas ela cai à medida que o mercado adquire o conhecimento necessário para a viabilização dos projetos. "A tendência é que os projetos que entram para cadastramento já estejam próximos da habilitação tendo em vista a curva de aprendizagem", aponta.