A valorização do dólar frente ao real também impacta na tarifa de energia elétrica dos consumidores brasileiros. Por força de contrato, a energia produzida pela hidrelétrica de Itaipu é repassada às distribuidoras das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste com tarifa fixada na moeda americana. Em 2014, a energia de Itaipu era comercializada a US$ 26,08/KWh, passando a valer US$ 38,06/KWh em 2015, alta de 46%, segundo os cálculos da comercializadora Comerc.

O impacto do dólar sobre a tarifa depende da parcela que cada distribuidora detém da energia de Itaipu. Empresas como a Bragantina, CPFL Santa Cruz, CPFL Mococa, CPFL Leste Paulista, AES Eletropaulo, AES Sul, CEEE e RGE possuem maior quantidade dessa energia, ultrapassando índices de 20%. Cerca de 29 distribuidoras possuem cotas de energia de Itaipu.

A Comerc calculou que empresas como Bandeirante e CPFL Piratininga, que passaram nesta semana por reajuste na tarifa, tiveram impacto tarifário de 8.8% p.p. e 9.5% p.p. por conta do dólar, respectivamente. A Light ainda passará por reposicionamento tarifário neste ano e o dólar deverá ser responsável por 8,4% p.p. do aumento da energia fluminense.

Em 2016, Eletropaulo, Cemig, Copel, Celesc, Ampla, AES Sul, RGE, CPFL Paulista deverão ter impacto tarifário acima de 3,5% por conta da variação do dólar, podendo chegar a 5,3 p.p. em alguns casos. A estimativa da Comerc considerou uma taxa de câmbio de R$ 4,00/US$ até 31 de dezembro de 2016.

Em março de 2015, a Aneel realizou a Revisão Extraordinária das tarifas de energia. Diversas distribuidoras alegaram que seus Contratos de Concessão estavam sofrendo desequilíbrio econômico e financeiro. Um dos motivadores deste reajuste extraordinário foi a elevação da tarifa de repasse de Itaipu e a valorização do dólar.

A usina de Itaipu, com seus 14 GW de capacidade, representa cerca de 15% da capacidade instalada de hidrelétricas do Brasil. Metade dessa energia é de propriedade do Paraguai, quer por não consumir a totalidade de sua parcela vende o excedente ao Brasil. As tarifas de Itaipu são pagas mensalmente, em reais, a partir da cotação do dólar do primeiro dia útil anterior à data de pagamento da fatura. Além de Itaipu, termelétricas cujo combustível é importado também sofrem o impacto do câmbio. Estas usinas, porém, não foram consideras no estudo.