O dado é preocupante: 62,53% das obras de transmissão no Brasil estão atrasadas. Isso significa que de 363 empreendimentos monitorados, 227 estão fora dos prazos originalmente planejados. O atraso médio dos empreendimentos monitorados soma 503 dias. O relatório mostra que 27,55% das obras estão caminhando normalmente e em apenas 9,09% dos casos há um adiantamento do calendário. A informação é resultado de um levantamento diferenciado feito pela Superintendência de Fiscalização dos Serviços de Eletricidade da Agência Nacional de Energia Elétrica.

Segundo a Aneel, os empreendimentos possuem mais de um fator de atraso. Entre as principais causas estão os procedimentos relacionados à elaboração de projetos e assinaturas de contratos, compra de materiais, execução física da obra e, como já sabido, o licenciamento ambiental.  "Percebe-se que o principal fator de atrasos é o licenciamento ambiental. Dos empreendimentos que demandaram licenciamento ambiental, mais de 71% sofreram atraso nessa etapa", afirma a SFE.

A boa notícia é que ao longo dos últimos cinco anos a Aneel identificou uma pequena melhora no tempo de execução física das obras, chegando ao valor de 457 dias (pouco mais de 15 meses) em 2014. O tempo necessário para se obter uma licença de instalação em empreendimentos de transmissão variou bastante no período, concluiu o órgão, atingindo um pico de 581 dias no ano de 2012. No ano de 2014, "o tempo médio" necessário para se obter uma LI de empreendimentos de transmissão ficou em 309 dias (pouco mais de 10 meses).

Entre os empreendimentos monitorados, 78 merecem a atenção especial por se tratarem de obras importantes para o escoamento da energia produzida por usinas eólicas na região Nordeste e no Rio Grande do Sul, e hidrelétricas como Belo Monte, Teles Pires e térmicas, bem como reforços para o atendimento das Olimpíadas 2016 e a interligação da capital Boa Vista.

Segundo a Aneel, o objetivo do acompanhamento diferenciado é obter informações precisas e de qualidade quanto ao andamento dos empreendimentos selecionados. "Dessa forma, é possível diminuir o risco de descasamentos entre empreendimentos de transmissão e geração e subsidiar o planejamento quanto aos tempos reais de duração dos empreendimentos. Com base nessas informações espera-se antecipar problemas e facilitar soluções ao bom andamento dos empreendimentos", afirma a agência.