A importância do mercado brasileiro vai fazer com que o país a partir de janeiro de 2016 vire uma unidade exclusiva de negócios da Engie (ex-GDF Suez), separado da América Latina. O grupo franco-belga, que atua no país desde 1998 definiu uma nova organização que dá destaque ao país. Ao lado da China, o país é o único que terá uma unidade exclusiva, não estando inserido em nenhuma região. "Isso mostra o interesse do grupo no país e todos os desafios que vamos ter pela frente", afirma Gustavo Labanca, diretor de Desenvolvimento de Novos Negócios da Engie. A ação sinaliza a aposta da empresa no país, que participou nesta quarta-feira, 21 de outubro, do XVI Congresso Brasileiro de Energia, realizado no Rio de Janeiro (RJ).

Um desses desafios provavelmente será a expansão do grupo. O gás natural deve ser um dos focos de atuação da Engie, que no momento implanta a térmica movida a carvão Pampa Sul (RS – 340 MW). A Engie vem participando dos últimos leilões promovidos pela Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis, arrematando lotes de modo que possa extrair gás natural para implantar termelétricas próximas ao poço, o que não demandaria grandes investimentos de transmissão ou gasodutos. Ela não teve êxito na perfuração de dois blocos, mas ainda continua prospectando em outros blocos arrematados. A fonte nuclear também está no radar da empresa, mas esta depende de alteração na legislação para que o agente privado participe. Atualmente, apenas a Eletronuclear pode construir e operar térmicas nucleares no Brasil.

A Engie tem expertise internacional em GNL, já tendo servido carregamentos da Petrobras no terminal do Rio de Janeiro. Labanca ainda vê essa modalidade de térmica como difícil de se viabilizar. "É difícil fazer uma térmica a gás com o preço do GNL, precisa ser investigado caso a caso. Já tentamos no último leilão, mas não conseguimos viabilizar", contou. A empresa tem ainda o projeto da UTE Norte Catarinense, em fase de licenciamento. A térmica de 600 MW ainda necessita de estudos que indiquem a construção de um porto no estado para receber o GNL.

Nos planos da empresa, estão o de continuar a ser a maior geradora privada de energia do Brasil e o de semrpe exercer papel de liderança no setor. Labanca acredita que se repetirá no Brasil uma tendência que já é observada no setor eólico nos Estados Unidos. A de empresas internacionais que operam parques entrarem em projetos no Brasil após a sua inauguração, como investidoras. A operação é similar à que a Renova Energia fez com a TerraForm Global. Para Labanca, é um tipo de investimento que não tem o risco da construção do projeto, o que também o leva a ter um retorno mais baixo. Ainda segundo ele, a Engie não deve adotar esse modelo de negócio, já que ela desenvolve, constrói e opera o projeto.