A BBCE, plataforma eletrônica para comercialização de energia, promete três novidades para o mercado livre em 2016. Destaque para a "curva de preços futura", que utilizará informações de contratos e cotações transacionados na plataforma para traçar uma perspectiva de preços de energia mais próxima da realidade. "O mercado já vinha pedindo, porque as que existem são geradas por apostas do mercado", explicou Victor Kodja, presidente do Balcão Brasileiro de Comercialização de Energia, em entrevista exclusiva à Agência CanalEnergia.

A BBCE ainda promete lançar o chamado "produto financeiro de liquidação bilateral", permitindo a participação de agentes que não estejam diretamente ligados ao mercado livre, como instituições financeiras ou empresas que queiram fazer hedge de energia, por exemplo. O terceiro item é uma nova tecnologia que permitirá que o participante da BBCE faça operações por smartphones, tablets ou computador. O atual aplicativo da companhia só permitia que o agente acompanhasse as negociações pelo celular.

Nos primeiros nove meses de 2015, foram negociados 3.020 MW na BBCE ou 1.800 contratos, movimentando R$ 630 milhões. "O nosso ano só não foi melhor porque o mercado sofreu em dois momentos: no primeiro trimestre porque o PLD estava no teto e agora por conta das questões do GSF, que desdobra em inadimplência e diminui a liquidez do mercado", disse o executivo. Em 2014, o volume financeiro foi de R$ 1,8 bilhão, reflexo do Preço de Liquidações das Diferenças em R$ 822,83/MWh.

Kodja contou que neste ano houve uma mudança no perfil das negociações na plataforma, antes muito concentrado no produto de curto prazo. Hoje o curto prazo é 60% e o longo prazo 40% do total das transações na BBCE. Essa relação no ano passado era 82% contra 18%. "Isso demonstra que a plataforma vem se configurando como uma alternativa importante para o mercado livre".

Segundo Kodja, com o aumento da tarifa cativa ocorrida em 2015 e a tendência de alta para os próximos dois anos, somado a perspectiva de oferta de energia para o mercado livre nesse período, espera-se uma nova onda de migração de clientes para o ambiente livre. "A gente vive uma terceira onda de migração de clientes para o mercado livre", disse. "A primeira foram os grandes consumidores, depois veio a classe comercial e serviços, agora tem uma outra onda em função da alta das tarifas", comentou.

"Para 2016, tirando algumas implicações que as liminares do GSF podem trazer, a gente acredita que a plataforma pode retomar e consolidar o seu papel como alternativa de negociação. Não temos dúvida disso", disse o executivo, que informou que o projeto de criar uma clearing house segue em andamento. Algumas dessas novidades serão apresentadas no 7º Encontro Anual do Mercado Livre, que acontecerá nos dias 26, 27 e 28 de novembro no Tivoli Ecoresort Praia do Forte, em Salvador, na Bahia.