Com uma trajetória exitosa em vários segmentos, como a construção, o têxtil e o automotivo, Mario Araripe viu na energia eólica com a criação da Casa dos Ventos uma chance de poder fazer mais por toda a sociedade, com ‘certa poesia’. Com a inauguração na última semana do Complexo Eólico Santa Brígida (PE – 181,9 MW), serão cerca de R$ 2 milhões distribuídos por ano aos moradores das cidades de Pedra, Caetés e Paranatama com propriedades arrendadas para o parque eólico implantado pela empresa. Considerando a energia "a base de tudo", o empresário festeja a escolha da fonte. "Energia é a infraestrutura da infraestrutura. Olhei outras fontes e a eólica era a mais limpa, a mais democrática, a mais sustentável", afirma.

Ele ressalta os anos de estudo dedicados ao tema eólico e os investimentos que a empresa vai fazer em parques eólicos na região da Chapada do Araripe. A Casa dos Ventos também tem participações em parques da Chesf e da Contour Global. Ela constrói parques eólicos próprios nos estados de Pernambuco, Ceará e Piauí, tornando-se um dos maiores players eólicos do país. Para o ano que vem devem ser inaugurados o complexo eólico Ventos de São Clemente (216,1 MW) e o complexo de Tianguá (130 MW), no Ceará. Em 2017, com a entrada em operação de Ventos do Araripe 3 (360 MW) serão cerca de 1.100 MW operacionais. O contrato para o fornecimento de turbinas firmado com a GE é o maior da América Latina. Além da GE, a Casa dos Ventos também tem contrato com a Gamesa.

Prometendo investimentos na área de operação e manutenção dos parques, Mario Araripe acredita que no futuro o coração da competência de uma eólica vai ser o saber em operar. "Quando uma eólica começa a gerar, temos duas certezas, uma é que temos que pagar o financiamento e a outra é que a manutenção vai custar dinheiro para ficar operando. Temos que entender isso", avisa. Classificando a crise econômica atual como uma das maiores dos últimos anos, ele lembra que quando a empresa chegou em Pernambuco, em 2008, a crise era descrita apenas como uma ‘marolinha’. A atuação em outras áreas dá ao empresário a autoridade em dizer que a desorganização no setor elétrico é maior que na economia, mas ele vê no aumento da produção uma das saídas para mitigar os problemas. "O único remédio é aumentar a produtividade e trabalhar. Vamos fazer isso", avisa.

Com uma carteira que soma 15 GW em projetos e aguardando o melhor momento para viabilizar usinas solares, Mario Araripe não descarta que no futuro a empresa possa estabelecer alguma associação ou abertura de capital para dar prosseguimento a realização de projetos. "Em algum momento vamos precisar de capital. Quando isso ocorrer, poderemos ir para um IPO ou ter um sócio complementar", conclui.

* O repórter viajou a convite da Casa dos Ventos