A crise hídrica vai continuar pressionando o caixa das distribuidoras brasileiras ao longo do ano que vem. Relatório produzido pela agência de classificação de risco Moody’s mostra que mesmo com a adoção das bandeiras tarifárias e a revisão extraordinária no início do ano, a tensão foi reduzida, mas ainda persiste.

De acordo com o vice-presidente e Senior Credit Officer da Moody’s, José Soares, está evidente que os custos não foram cobertos. Ele estima que 22,4% da dívida em circulação das distribuidoras em 30 de junho de 2015 estava financiando ativos regulatórios líquidos. Copel, com 88% da dívida; Celesc, com 45%; EDP Bandeirante, com 42% e AES Eletropaulo, com 37%, são os mais afetados.

Outro aspecto que ele coloca é que as decisões judiciais favoráveis às geradoras de energia para que o risco do seu fator de geração não exceda 5% pode acabar trazendo mais custos para o consumidor, o que pode acabar aumentando, assim, as necessidades de capital de giro da distribuição. O quadro regulatório também merece atenção. O Tribunal de Contas da União deu aval para a continuidade do processo de renovação das concessões da distribuição, mas a demora no andamento também pode causar danos ao setor. Bancos e o mercado de capitais podem adotar mais cautela em empréstimos, pressionado mais ainda a liquidez delas.