As concessões de autoprodução e os contratos de energia firmados no mercado livre pela indústria brasileira de alumínio se encerarão em dez anos. Isso significa que um grupo de empresas não terá energia elétrica para fazer frente ao seu processo produtivo para além de 2025, o que impede o planejamento de longo prazo desse setor. O tema tem preocupado os empresários que veem na transferência de cotas e na mudança das regras dos leilões uma oportunidade para aumentar a oferta de energia e a competitividade da indústria de alumínio.
"A produção do alumínio primário exige muito capital e é um investimento de longa maturação. Quando você faz uma planta, o retorno do seu investimento vem em décadas. Então precisamos ter um horizonte de planejamento muito claro", disse Milton Rego, presidente da Associação Brasileira do Alumínio (Abal). "Hoje teremos uma descontratação em dez anos e as empresas precisam decidir o que fazer", completou.
A eletricidade representa 60% do custo de produção do alumínio primário. Entre 2013 e 2014, o custo da energia para a indústria de alumínio cresceu 6% em média, isso desconsiderando a autoprodução. "Esse crescimento foi o que fez que nos últimos cinco anos nós tivéssemos o fechamento de cinco plantas de alumínio [no Brasil]", disse Rego.
O executivo, porém, se mantém otimista e acredita que no médio prazo o governo encontrará uma solução para retomar a competitividade da indústria de alumínio brasileira. Uma solução esperada é a transferência para a indústria de uma parte da energia de usinas cujos contratos serão renegociados. Outro caminho está na Medida Provisória 677/15, que prevê a criação de fundos financeiros para o desenvolvimento de novos projetos de geração, além de garantir energia competitividade para a indústria. "De alguma maneira não acho que essa situação de queda na produção de alumínio vai permanecer. Acredito que o governo trará uma solução, que pode ser uma parecida com essa da Chesf", disse.
Ele ainda pede modificações das regras dos leilões para que a indústria volte a investir em autoprodução. "Deveríamos voltar [ao modelo] de 20 anos atrás, quando toda a indústria de alumínio do Brasil investiu pesadamente em autoprodução. Naquele momento, você poderia utilizar uma parte muito maior da energia para o seu processo de produção. Isso é uma questão que tem afastado a iniciativa privada da autogeração".