Mesmo com a realização de dois leilões de energia com a viabilização de 1 GW em cada um, a estreia da Casa dos Ventos com a fonte deve demorar um pouco. A empresa ainda vê a inserção de usinas solares na matriz brasileira cercada de indefinições que inibem a viabilização de algum projeto. "Estamos tentando maturar os projetos, quando estiver tudo mais claro, vamos participar", explica Lucas Araripe, diretor de Novos negócios da empresa, que inaugurou na última terça-feira, 29 de setembro, o complexo eólico Santa Brígida (181,9 MW), em Pernambuco. 

O executivo conta que a Casa dos Ventos pretende ter na fonte solar a mesma trajetória que teve na eólica, aguardando o melhor momento para entrar, apresentando solidez. Ela está instalando estações solarimétricas em vários locais do país, inclusive próximo de projetos eólicos da empresa, para avaliar melhor o potencial dos sítios. Segundo ele, nos últimos leilões não era necessária a medição solarimétrica no local, sendo usados apenas os dados de satélite para o cadastro do empreendimento. "Preferimos não correr esse tipo de risco", alerta. Ele também vê indefinições em aspectos como o financiamento dos projetos e quanto aos fornecedores de equipamentos.

Apesar de ter projetos solares cadastrados para o próximo leilão de reserva, que será realizado em novembro, Araripe revela que a empresa não deve fazer lances este ano, mas acredita que no ano que vem a chance dos bids acontecerem é maior, uma vez que essas incertezas já poderão estar dissipadas. "Vamos ter projetos com menos incertezas e também vamos poder bidar com um ambiente mais claro", promete.

No último leilão exclusivo para a fonte solar, realizado no fim de agosto, foram viabilizados 1.043 MWp e comercializados 833,8 MW, a um preço médio de R$ 301,79/MWh. O leilão se caracterizou pelo alto número de rodadas. Foram 87 no total. A fase discriminatória durou mais de seis horas e o giro financeiro foi de R$ 1,2 bilhão.   

* O repórter viajou a convite da Casa dos Ventos