Mesmo com a energia eólica consolidada no país, o cenário econômico adverso atual está trazendo impactos ao setor. A questão do financiamento tem se tornado um desafio, com escassez de crédito e alterações nas condições que vinham sendo praticadas. De acordo com Virna Araripe, diretora de desenvolvimento de negócios da Casa dos Ventos, o financiamento é peça fundamental para projetos de infraestrutura, sem o qual eles não se viabilizam. "É substancial o impacto do financiamento na atratividade de um projeto. Quando não há clareza em relação ao custo desse financiamento, tem que ter um retorno maior para compensar o risco", explica.
Ainda segundo a diretora, entre 60% e 80% do investimento em um projeto eólico vem de bancos, como o BNDES ou mesmo debêntures de infraestrutura. Ela conta que o setor eólico tem sido tratado como prioritário pelo BNDES, o que levou a um impacto menor que em outros setores, mais afetados por mudanças. Apesar da Casa dos Ventos estar conseguindo equacionar os financiamentos dos seus projetos em execução, ela vê uma dificuldade cada vez maior no mercado na obtenção do crédito, mesmo com a posse do PPA. As incertezas no financiamento trazem um olhar de atenção para os certames de energia.
Para o próximo leilão a empresa pede um preço-teto que atraia o investidor, de modo a absorver as mudanças de variáveis econômicas que vem ocorrendo, como a alta do dólar e dos custos. Cerca de 30% do investimento de uma usina eólica vem de moeda estrangeira. "Com certeza teria que aumentar de forma considerável dos R$ 189/ MWh do último leilão", revela Lucas Araripe, diretor de novos negócios da Casa dos Ventos. Ele coloca o acerto no preço-teto como um desafio que a fonte também enfrenta atualmente. A empresa acabou de iniciar a cotação de valores para esse certame, sem ter ainda uma expectativa de preço. No último leilão, o mercado pedia um valor acima de R$ 200/MWh e o governo definiu o preço-teto em R$ 189/ MWh, o que influenciou na contratação.
*O repórter viajou a convite da Casa dos Ventos