A desenvolvedora SER Energia Renovável conseguiu ver 150 MW da sua carteira viabilizados no último leilão de reserva solar. As cinco usinas, com 30 MW cada, ficam nos estados do Piauí, Paraíba e Bahia. De acordo com David Fontes, diretor executivo da SER, a empresa participa da elaboração do projeto desde o Greenfield, até deixá-lo pronto para a construção, auxiliando ainda na estratégia do certame, quando o parceiro toma a frente. "Quem de fato empreende e opera as usinas nos anos do contrato é o parceiro. Montamos as estratégias, pré-contratos com fornecedores, levantamento dos investimentos e fazemos o bid juntos, com a decisão final deles", explica.
Sem poder revelar o nome de todos os parceiros que vão empreender os projetos, Fontes adianta o nome de alguns. A espanhola Gran Solar, que já atua na África e na Europa é um deles, com a qual vai construir as duas usinas do Piauí. Outro chama-se Super Nova Energia, um grupo paulista que está iniciando as atividades este ano, para o empreendimento da Bahia. A SER também tem na sua carteira projetos em que atua como acionista minoritária, mas eles não foram comercializados no certame. Segundo ele, a expectativa era que o leilão de reserva não fosse tão competitivo como o do ano passado, devido ao prazo curto para construção das usinas e das incertezas de financiamento. "Tentamos soluções que não prescindissem tanto do BNDES e acabou sendo uma estratégia vitoriosa", revela.
Com cerca de 600 MW cadastrados para o último leilão do ano, alguns dos projetos da desenvolvedora já tem parceiros fechados enquanto outros ainda passam por negociações. O executivo não espera que os preços fiquem muito maiores que os praticados no último leilão. Segundo ele, ainda é preciso ver o quanto da flutuação causada pela disparada do dólar é definitiva, já que a política interna é que está causando a alta. O preço de 100 dólares parece ser ideal para êxito no leilão. "O número parece cabalístico, mas dá aos investidores condições de se viabilizarem", observa.
Mas ele pensa que o governo deve ficar atento a essa alta da moeda americana, uma vez que pelo menos 50% do investimento necessário para a construção das usinas é influenciado pelo dólar e mesmo com a expectativa que fabricantes vão se instalar no Brasil há o alerta. " O dólar é um balizador importante para o capex. O mercado tem que ficar de olho e o governo tem que levar isso em consideração para os preços", avisa Fontes.
A SER Energia vem atuando há cinco anos no mercado, se preparando para o boom da fonte. Fontes elogiou a declaração do presidente da Empresa de Pesquisa Energética, Maurício Tolmasquim, de que o governo vai realizar todo ano pelo menos um leilão de energia solar. Ele acredita que a decisão já poderia ter sido tomada antes, mas diz que ela será importante no âmbito da cadeia industrial. "É uma sinalização importante para a indústria, para que assim como na eólica, se estabeleça uma cadeia nacional fotovoltaica", conclui.