A capacidade de escoamento na transmissão das regiões Norte e Nordeste para a próxima década é motivo de alerta para o Operador Nacional do Sistema Elétrico. De acordo com o assessor da diretoria geral do ONS, Marcelo Prais, poderá não haver transmissão suficiente no período chuvoso para ser escoada no Norte. Ele alerta que se os próximos leilões de transmissão não forem exitosos, haverá estrangulamento na geração, o que também pode valer para as eólicas do Nordeste, que aumentarão substancialmente o volume de energia gerada.

O último leilão de transmissão foi considerado um fracasso, já que vários lotes não foram arrematados, o que tem levado o Ministério de Minas e Energia e a Agência Nacional de Energia Elétrica a buscarem soluções para que isso não se repita no próximo certame. "Se não tivermos leilões de transmissão que deem conta da atual sinalização, poderemos ter dificuldade para escoamento da capacidade no final do quinquênio", avisa Prais, que participou nesta segunda-feira, 21 de setembro, de evento promovido pela Câmara de Comércio Americana no Brasil, no Rio de Janeiro (RJ).

O presidente da empresa de Pesquisa Energética, Maurício Tolmasquim, que também participou do evento, minimizou esse possível esgotamento, lembrando que já estão previstas para leilões grandes quantidades de LTs para aumentar a capacidade de o Norte e o Nordeste enviarem energia para o Sudeste. "Já foi planejado e já está na Aneel para licitar", avisa. Ele classifica essa expansão como natural e observa que a região Nordeste vai passar a ser exportadora de energia por causa das eólicas, o que justificaria o aumento de linhas. O início dessa fase está atrelado a melhoria da hidrologia e conceberia o escoamento do volume do Nordeste para o Sul e Sudeste e do Norte para o Sudeste.