O presidente da Agência Nacional de Águas, Vicente Andreu, criticou as empresas de energia pela gestão ambiental feita nos seus reservatórios. De acordo com ele, as concessionárias poderiam há mais tempo já ter implantado projetos socioambientais no entorno dos seus reservatórios. Essas ações envolveriam a proteção de nascentes, a recomposição de matas e a conservação de solos, o que daria algum tipo de alívio na crise hídrica que assola principalmente as regiões Sudeste e Nordeste. "O setor elétrico é uma decepção, tem ficado em uma posição de não fazer nada", afirma.
Excluindo Itaipu Binacional, que terá o projeto "Cultivando Água Boa", replicado na região do reservatório da Cantareira, que abastece a maior parte do estado de São Paulo, Andreu não poupa as geradoras e acredita que elas poderiam ter a vanguarda no tema. O projeto de Itaipu foi premiado pela Organização das Nações Unidas como melhor política de gestão de recursos hídricos do planeta.
Ainda de acordo com ele, as empresas de saneamento e abastecimento já teriam despertado para o assunto. A mineira Copasa e a brasiliense Caesb já procuraram Itaipu para troca de informações. "É inacreditável que com uma série de reservatórios como Três Marias, Sobradinho e Ilha Solteira, as empresas nunca tenham levado uma experiência bem sucedida como essa", aponta.
Andreu contou ainda que a resolução conjunta da ANA e da Agência Nacional de Energia Elétrica que determina a realização de batimetrias – medição para verificar o volume de água dos reservatórios antigos – vem sendo feitas pelas geradoras. A demora no processo viria da carência no mercado de empresas especializadas devido ao volume de pedidos. Segundo ele, a batimetria do sistema Cantareira não pontou resultados negativos. Já nos reservatórios do semiárido, nos quais foram feitas batimetrias recentemente, houve redução de até 20% no volume. "Alguns terão impacto, outros não, mas será feito caso a caso", conclui.
*O repórter viajou a convite de Itaipu Binacional