O reservatório da hidrelétrica de Sobradinho, o maior reservatório do Brasil atinge um nível crítico. Operando abaixo de 11%, o reservatório da região agoniza. O Operador Nacional do Sistema Elétrico solicitou em agosto para a Agência Nacional de Águas alteração na defluência de Três Marias para que os níveis da usina aumentem dos atuais 450 m³/s para 500 m³/s. Embora alterações venham sendo feitas há dois anos, a operação não é simples, uma vez que ela demanda conversas com Chesf, Cemig, ONS, Ministério Público e usuários das bacias.
"Temos que avaliar o quanto esse aumento de 50 m³/s vai melhorar a condição de Sobradinho sem agravar a situação de Três Marias. A situação no Nordeste é delicada, mas tem sido acompanhada”, explica Vicente Andreu, presidente da ANA, que participou nesta quarta-feira, 16 de setembro, do Encontro de Experiências Pioneiras e Inovadoras de Iniciativas Sociais na Gestão de Água, realizado em Foz do Iguaçu (PR).
A UHE Sobradinho tem um reservatório com bordas planas, o que dificulta a captação da água. Ele não dá uma data para uma tomada de decisão da ANA, mas acena com a rapidez. "O prazo é a necessidade que determina", diz Andreu. Ele lembra que as chuvas na cabeceira de Três Marias aumentaram, mas que recentemente elas não têm ocorrido em grande número. Isso reforça o caráter consensual da decisão e ele ressalta que mesmo Chesf e Cemig tem discordâncias no tema. "A situação permanece grave e temos que continuar tomando medidas de restrição como as que vem sendo tomadas", avisa.
Algumas previsões já indicam que o fenômeno climático El Niño pode se acentuar na região Nordeste até setembro de 2016, saindo de uma previsão anterior que ele seria moderado. Segundo o presidente da ANA, a região Sudeste não está em situação melhor, mas que as chuvas fortes – fora das cabeceiras dos reservatórios – dão a falsa impressão que o problema está se resolvendo. “Estamos no quarto ano de seca, 2016 será um ano importante, é fundamental que as obras do São Francisco sejam concluídas no menor tempo possível”. Andreu ressalta que o uso da água para geração de energia não é a prioridade, já que há outros meios de se obter energia além da fonte hídrica. A gestão visa a segurança hídrica de todos os usuários. "Nenhuma das medidas tem por objetivo a segurança energética", aponta.
*O repórter viajou a convite de Itaipu Binacional