Como a Agência CanalEnergia havia adiantado, a Alupar oficializou a desistência de construir o linhão Manaus-Boa Vista. A companhia protocolou na Aneel na semana passada um pedido de rescisão amigável do contrato 003/2012 após aguardar por três anos a emissão da licença prévia. No último dia 13 de agosto, o diretor Financeiro e de Relações com Investidores da Alupar, José Luiz de Godoy, havia comentado sobre a intenção de devolver a concessão.

"Conforme divulgações anteriores feitas pela companhia, após inúmeras tratativas, inclusive com órgãos públicos, até a presente data não foi possível obter o licenciamento ambiental da linha de transmissão, haja vista que a Funai não apresentou manifestação conclusiva quanto à viabilidade ambiental do projeto. Tal ausência, por sua vez, impossibilita o Ibama de expedir as respectivas licenças ambientais, embora a análise de tal órgão aponte no sentido de viabilidade ambiental do projeto. Decorridos 3 anos, sem que fosse apresentada uma solução à TNE, esta optou por discutir amigavelmente a rescisão do contrato de concessão", escreveu a Alupar em nota ao mercado.

O sistema de transmissão, que deveria estar energizado neste ano, é essencial para conectar o estado de Roraima ao Sistema Interligado Nacional. A linha tem aproximadamente 715 km e passa pela Terra Indígena Waimiri Atroari, situada entre os estados do Amazonas e Roraima. O consórcio Boa Vista, formado pela Alupar (51%) e pela Eletronorte (49%), é responsável pela construção das linhas de transmissão Lechuga – Equador 500 kV e Equador – Boa Vista 500 kV e pelas subestações Equador 500 kV e Boa Vista 500/230 kV, trecho que cruza dez municípios entre Manaus e Boa Vista.

O estado de Roraima é atendido basicamente por térmicas, que têm um custo de geração alto por conta do combustível. Todos os consumidores brasileiros ajudam a pagar o custo desse combustível por meio da CCC (Conta de Consumo de Combustíveis). Além de reduzir custos de geração, a construção do sistema melhoraria a qualidade do fornecimento de energia no estado de Roraima. "A Alupar reitera que manterá os seus acionistas e o mercado em geral informados quanto ao desdobramento das negociações com a Aneel."