As dificuldades que o Brasil vêm enfrentando no campo da economia devem ser passageiras e o país deverá retomar o ritmo de crescimento. Essa é a visão que o CEO mundial da multinacional suíça ABB, Ulrich Spiesshofer, tem sobre o país. Ele esteve em São Paulo durante a quinta edição do Automation & Power World Brasil e destacou que a companhia acredita que tanto o país quando outros mercados interessantes na região são classificados pela companhia como uma região de crescimento no longo prazo mesmo com um cenário de dificuldades enfrentado atualmente.
“Para mim, o Brasil é uma das 10 maiores economias do mundo. É um mercado de 200 milhões de pessoas, a construção da infraestrutura do país está em curso e necessita de um grande investimento, por isso é um bom mercado para a ABB fazer parte dele. Não vamos ficar nervosos porque o país está passando por um momento de turbulência, estamos comprometidos com o Brasil no longo prazo”, afirmou Spiesshofer em entrevista exclusiva à Agência CanalEnergia.
Essa é a primeira visita oficial do CEO da empresa após o lançamento mundial da estratégia global do grupo ABB até 2020. O executivo lembrou que essa estratégia é composta de três elementos chave: direcionamento para o crescimento, execução e colaboração. E esse conceito foi apresentado ao público em geral do evento, que aliás, este ano registrou segundo dados da companhia, o seu maior número de participantes, com mais de 1.300 pessoas entre clientes, autoridades, distribuidores, colaboradores e profissionais de diversos segmentos, incluindo o setor elétrico.
Spiesshofer fez questão de destacar a meta da ABB de oferecer produtos e soluções integradas com o foco na produtividade e na eficiência. Segundo ele, em momentos de dificuldades econômicas, ter alta eficiência nos processos e na operação dos ativos é o caminho para que se consiga obter maior competitividade. Outra área de importância para a empresa, contou ele, é a parte de serviços da ABB que globalmente representa um negócio de US$ 8 bilhões e que vem crescendo ao longo do tempo de forma mais vigorosa. “Este segmento representa uma importante oportunidade de crescimento. Temos uma ampla base instalada de equipamentos e cada vez mais nossos clientes precisam de proatividade no sentido de oferecer melhores soluções”, destacou.
A ABB não abre os números de faturamento ou de resultados por país. Contudo, disse o executivo, o Brasil e a América do Sul como um todo é classificada pela companhia como uma região de crescimento. No total, as Américas para a multinacional representam um terço do volume de negócios da companhia que está na casa de US$ 40 bilhões. A maior parte, relata ele, vem da América do Norte mas diz que os mercados na porção sul do continente são importantes.
“O Brasil representa mais de um US$ 1 bilhão para a ABB e outros locais como Peru, Colômbia, Argentina e Chile estão cheios de oportunidades de crescimento na região mesmo que esteja passando por um momento de dificuldades, mas isto não significa que vamos mudar a nossa direção em continuar investimento em tecnologia e desenvolvimento para esta região”, assegurou o Spiesshofer, indicando que segmentos de desenvolvimento de produtos e de engenharia locais são pontos que merecem destaque nessa estratégia.
A perspectiva de crescimento de participação de renováveis chama a atenção da ABB. Na avaliação do executivo da ABB, há uma grande mudança em curso no Brasil no segmento de geração. Cada vez mais as fontes hídricas e convencionais serão complementadas pela solar e eólica no país. Essas, disse Spiesshofer, são áreas nas quais a ABB possui aptidão para atuar assim como já é tradicionalmente conhecida no segmento de transmissão e de distribuição.
Para o futuro – nem tão distante – ele acredita que micro e nanogrids terão uma maior participação na matriz energética. E, ao passo que isso ocorrer, uma nova combinação entre as renováveis e a de armazenamento de energia em baterias, poderá ser um caminho interessante a ser trilhado. Tanto que a ABB já formou parcerias com duas companhias nesse segmento, a chinesa BYD e a coreana Samsung para desenvolver soluções integradas nesse mercado e, dessa forma, alcançar o próximo nível de desenvolvimento da empresa.