De 2003 a 2015, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e social já aprovou financiamentos para 62 complexos eólicos, somando R$ 19 bilhões, até agosto. De acordo com Ligia Barros, chefe do departamento de energias renováveis do banco, os financiamentos para a fonte continuam sendo prioritários para o BNDES, concedendo o nível de financiamento mais alto que o banco aplica, de 70% dos itens financiáveis, com 1,2% de spread, mais a TJLP. Ela participou de debate na última quarta-feira, 2 de setembro, no Brazil Windpower, no Rio de Janeiro (RJ)."
O tema do financiamento tem sido muito caro ao setor elétrico. Em um momento de um retrato econômico adverso, há a busca por outas opções de financiamento que não sejam as do BNDES, que fez alterações nas regras desde o ano passado. A executiva do banco reafirmou a disponibilidade dos recursos do banco para o setor de energias alternativas, em especial a eólica que lidera. Para Marcelo Girão, head de energia do Itaú BBA, há o hábito no setor de sempre buscar o BNDES, o que criou uma espécie de cultura nos agentes. Segundo ele, o plano de negócios de agora não é mais o mesmo de alguns anos atrás, quando o empreendedor dava o lance no leilão e tinha certeza que não haveria grandes alterações.
Ele lembra que os projetos de energia renováveis, em especial as eólicas, continuam no radar do banco, mas que devido a esse cenário econômico imprevisível e adverso, as exigências serão maiores. "A régua subiu um pouco. Se o risco aumenta, o retorno tem que aumentar", observa. Ele explica que mesmo grandes players que apresentarem projetos que não consigam provar a sua qualidade, não vão conseguir êxito.
Ele também acredita que as antigas condições de financiamento do BNDES – que ele julga ter um papel importante no fomento – não devem ser reeditadas. "Dificilmente volta para 80%. Isso tem um custo e a situação do país hoje não permite", avisa.
Mas o principal agente de financiamento do setor se mostra disposto a buscar mais linhas par ao setor. Lígia Barros conta que o banco está buscando se habilitar ao Green Climate Fund, que possui uma carteira para energias renováveis. Ela lembra que as fontes alternativas atraem o interesse de investidores internacionais. "Temos que trabalhar todas as frentes. Estamos em um banco público e ele tem estudado todas as alternativas", aponta.