O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social informou que sete fabricantes eólicos devem cumprir as regras de nacionalização estabelecidas pelo Finame até dezembro. Nesse cenário, os investidores em geração eólica poderão contar com uma oferta anual de equipamentos financiáveis pelo banco estimada 3,5 GW. “Temos seis fabricantes habilitados no Finame, sendo que dois já cumpriram toda a regra de nacionalização e outros dois estão finalizando o processo”, disse Lucas Lucena, engenheiro do departamento de credenciamento do BNDES.
As fabricantes WEG e Acciona cumpriram as regras de nacionalização antes do prazo final de dezembro de 2015, restando Alstom, Gamesa, GE e Wobben. Lucena informou que existem dois fabricantes que também já estariam habilitados pelo BNDES e devem ser divulgados em breve. A reportagem apurou que a dinamarquesa Vestas também decidiu permanecer no Brasil e corre contra o tempo para completar o processo de nacionalização e solicitar o credenciamento no Finame.
Somando esses sete fabricantes, a capacidade de produção da indústria eólica nacional será de 3,5 GW ano. Desde 2013, o volume investido pela indústria eólica para atender as regras de nacionalização soma R$ 1 bilhão. “Quando você soma todos os investimentos que foram feitos em fábricas de aerogeradores, pás, componentes e toda a estrutura que se precisa, a nossa avaliação preliminar é que mais de R$ 1 bilhão foi investido nesses três anos. Esperamos que até o final do ano tenhamos número mais preciso”, disse Lucena, que participou nesta quarta-feira, 2 de setembro, da sexta edição do Brazil Wind Power, realizado no Rio de Janeiro.
Segundo informações da presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica, Elbia Gannoum, mais dois fabricantes chineses, a Goldwind e a Sany, também pretendem atuar no mercado brasileiro, o que deve aumentar a oferta de equipamentos.
A expectativa de Elbia é que o governo contrate mais 3 GW em novos projetos eólicos em 2015 e aposta no próximo leilão de reserva para atingir essa marca. O próximo leilão de reserva será realizado em 13 de novembro e visa contratar energia de reserva para suprimento em 1º de novembro de 2018. A Empresa de Pesquisa Energética (EPE) registrou 1.379 projetos para o certame, distribuídos por 14 estados, que somam uma potência habilitável superior a 39,9 GW, sendo 17,9 GW eólicos e 20,9 GW solares.
Elbia não aposta em uma grande participação da concorrente, uma vez que a fonte ainda é uma novidade no Brasil, tem um preço mais alto na comparação com a energia dos ventos e o governo já contratou 1 GW de capacidade este ano. “Qual que seria a impossibilidade de não contratar tudo isso? Não ter a demanda. Mas a gente sabe que tem. O governo precisa contratar de pelo menos 6 GW de reserva”, analisou a executiva.
Para Elbia, a próxima fase da indústria eólica nacional é se tornar um hub exportador. Porém, como os agentes estão preocupados em atender a alta demanda local, esse processo deve levar algum tempo. “Talvez a variação cambial traga um ânimo para os fabricantes acelerar esse processo porque aumenta a competitividade. Mas temos algumas questões que precisam ser tratadas para que se tenha um desenho de exportação mais robusto.”