O mês de janeiro de 2016 marcará a entrada de uma nova fase da GE no Brasil para o segmento eólico. A nova plataforma de 2 MW da empresa começará a ser produzida e entregue ao mercado nacional. A primeira unidade será para a Ômega em um parque eólico no Piauí. Além dessa novidade, a empresa aposta em um novo conceito de otimização de projetos que deixa de ser a maximização da geração de cada aerogerador para considerar a máxima geração de um parque eólico, que a empresa vem chamando de Digital Wind Farm.
Nesse novo conceito explica o diretor de energia renováveis da GE para a América Latina, Jean-Claude Robert, a meta é obter o menor custo de geração por MWh o que na prática vai ao encontro do que os investidores precisam em função da competitividade dos leilões. “Há casos em que é melhor reduzir a geração da primeira torre porque isso poderia gerar turbulência e afetar a operação de demais”, exemplificou o executivo.
Esse novo conceito que começa a ser aplicado no Brasil leva em conta diversos pontos, explicou o representante da multinacional americana. A solução é customizada e depende da região e dos ventos do local de instalação do parque. Essa adequação, continuou ele, envolve também um desenho diferente de hardware e software com a implantação de mais sensores, programas de operação diferentes dependendo dos ventos, inclusive até a adoção de alturas de torres diferenciadas ao invés de um padrão para todas as unidades de um determinado projetos. Segundo os cálculos da empresa, há a possibilidade de que o ganho de eficiência com esse conceito chegue até a 20%. Mas ressaltou que isso depende de cada projeto.
Com essa nova plataforma a GE diz que está avançando na questão da nacionalização do equipamento quanto ao nível de conteúdo local para atendimento do Finame. Inclusive, destacou o diretor de Compras da empresa para a América Latina, Rodrigo Ferreira, a empresa ainda pretende avançar além do nível indicado pelo BNDES na regra que passará a valer a partir do ano que vem. A empresa, disse ele, considera que é mais vantajoso, do ponto de vista econômico, contar com fornecedores locais para até componentes elétricos e forjados. A meta de atender os requisitos do banco seguem em curso assim como o processo de homologação.
Quanto à perspectiva de se inserir o mercado de capitais no processo de financiamento de projetos do setor eólico, a GE acredita que este é um bom caminho. Contudo, ressalta que é necessário que se reconheça o custo mais elevado que esse funding por meio de debêntures proporciona ao segmento. “A EPE tem que ser sensível a essas variações do custo de financiamento”, destacou o diretor de Vendas para Energia Renováveis na América Latina, Sérgio de Souza. “O mercado brasileiro atrai mais pela sua escala do que pela rentabilidade, a margem aqui é menor”, afirmou.
Essa questão é importante porque o mercado brasileiro tem como característica uma pressão sobre os investidores maior do que em outros mercados. A cadeia de subfornecedores, de fabricantes de aerogeradores e os empreendedores seguem com dificuldades quanto a rentabilidade de projetos. Por isso, quando há alguma variação de custo, isso pode até mesmo inviabilizar economicamente o investimento. Tanto que há cerca de 10 desenvolvedores de projetos à venda no mercado, disseram os executivos da empresa sem citar os nomes dessas empresas.
No primeiro dia do Brazil Windpower 2015 a empresa comemorou a entrega de sua milésima turbina no país. Segundo os cálculos da companhia, esse número representa uma média de 400 unidades ao ano. De acordo com Souza, a companhia detém uma participação de mercado considerada saudável tanto para a GE quanto para o mercado brasileiro. Utilizando dados da Make, a empresa foi a responsável por 40% dos MW instalados que entraram em operação no país. Por enquanto esse número não contempla a parcela da Alstom, cuja aquisição pela GE ainda está em curso.