O iminente avanço da fonte eólica na matriz elétrica nacional nos próximos anos traz uma preocupação para o setor: o de como gerenciar a variação dessa e de outras fontes na operação do sistema. A perspectiva de ter um aumento de 11 GW já contratados leva a essa perspectiva de que algo precisará mudar no setor para que a diversificação de fontes não se torne um problema para o país.
O diretor geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico, Hermes Chipp, afirmou que deve se pensar em uma mudança estrutural na operação do sistema. E indicou que essas alterações serão fundamentais já em cerca de dois a três anos, quando teremos um aumento muito grande de fontes intermitentes, apontando além da eólica a solar que deverá crescer em ritmo acelerado depois dos dois leilões de energia que a Aneel já promoveu no país.
“Uma certeza que a gente tem é que a operação será mais complexa diante da diversidade de fontes que temos visto entrar na matriz elétrica nacional. Antes tínhamos apenas hidrelétricas e térmicas. Então era complementaridade natural. Agora com eólica solar e biomassa que possuem características peculiares e intermitentes temos que verificar como mudar”, afirmou, Chipp após sua participação no primeiro dia de Brazil Windpower 2015, realizado no Rio de Janeiro. 
Ele disse que se há vento, gerou. Por isso o sistema tem que estar preparado com as outras fontes, principalmente, a hídrica para ter controle e assumir essa variação para cima ou baixo em duas variáveis básicas, frequência e tensão, e controlar a operação.
Inclusive, esse tema já vem sendo estudado pelo ONS desde janeiro deste ano. O Operador contratou um estudo com a consultoria Meteologica que está em fase experimental para ver qual é o modelo que poderá ser adotado como referência. Essa metodologia, disse ele, deverá ser usada para que se possa antecipar a previsão de ventos, ou ‘errar menos’ nesse quesito.
Essa percepção de que a transmissão de energia é um desafio para o setor ao passo que a eólica avança na matriz é compartilhada pelo presidente do Conselho da ABEEólica, Marcio Severi. Ele sugere que se implemente alterações que tornem atrativo o investimento nesses empreendimentos nos leilões promovidos pela Aneel, diante da falta de interesse de empresas nos lotes que são ofertados nos certames para o segmento. Em sua avaliação é ruim apertar o setor de transmissão no atual momento que o país passa em termos econômicos.