Dar continuidade às discussões sobre a criação de um projeto de P&D conjunto para geração de energia elétrica no Brasil a partir de correntes marinhas. Esse foi o objetivo do encontro que reuniu, no último dia 26 de agosto, no Centro de Pesquisas de Energia Elétrica, no Rio de Janeiro (RJ), o presidente da Eletrobras, José da Costa Carvalho Neto; o diretor de geração interino da Eletrobras, Renato Sacramento; o chefe de gabinete da presidência da Eletrobras, Bruno Barretto; os diretores do Centro, Albert Melo e Roberto Caldas; o presidente da Cemig, Mauro Lemos, e o coordenador de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação da Chesf, Jocilio de Oliveira.
No ajuste que está sendo examinado, o projeto de P&D terá a Chesf e a Cemig como proponentes, e sua execução técnica ficará a cargo da Aquantis, responsável pelo desenvolvimento tecnológico. O Cepel será coexecutor da iniciativa. “O aproveitamento das correntes marinhas se mostra muito interessante porque se trata, ao mesmo tempo, de uma energia renovável e de base. No entanto, ainda estamos numa fase preliminar, de pesquisa. Temos que verificar diversos parâmetros para sua implementação no Brasil, como as características desta corrente, e como podemos adaptar o projeto para o país”, disse o presidente da Eletrobras.
A reunião serviu como ponto de partida para a consolidação do escopo do projeto. Na ocasião, a Aquantis apresentou dados sobre o funcionamento do sistema e possíveis adequações às condições brasileiras. Já o Cepel elencou as áreas de pesquisa necessárias para o desenvolvimento do projeto, compreendendo monitoramento e medições detalhadas da corrente marinha; levantamento do potencial de geração; otimização da tecnologia para o recurso no Brasil; estudos ambientais; e avaliação econômica. A meta é que o projeto de P&D seja submetido à Aneel ainda em 2015.
De acordo com o diretor-geral do Cepel, Albert Melo, trata-se de uma tecnologia promissora, devido, em especial, à sua não intermitência, mas é preciso adaptá-la às condições locais, estudar os impactos associados para obter as licenças ambientais necessárias, avaliar sua conexão à rede elétrica brasileira e saber qual será o seu custo final, dentre outros fatores. Melo ressaltou que a participação de fontes renováveis na matriz elétrica brasileira está entre 80% e 90% e que o país continua investindo intensivamente na expansão de outras fontes do tipo, como a eólica e solar. “Inclusive um compromisso firmado recentemente entre o Brasil e os Estados Unidos é atingir 20% de participação de fontes renováveis, além da hidráulica, em suas matrizes elétricas até 2030”, acrescentou.
Segundo a Aquantis, a costa do Nordeste apresenta grande potencial para exploração de correntes marinhas, devido à velocidade, à alta densidade energética e ao fluxo constante. “Mesmo excluindo zonas de pesca, portos, estuários, trata-se de um extenso litoral, sendo possível gerar uma grande quantidade de energia, sem impactar outras atividades marítimas”. Os representantes da empresa também destacaram que o aproveitamento energético das correntes marinhas, além de constituir mais uma oportunidade para a substituição das fontes emissoras de gases de efeito estufa, pode contribuir para a criação de empregos especializados no país.