A fonte solar fotovoltaica passará a ter presença constante em leilões de energia promovidos pela Agência Nacional de Energia Elétrica. O resultado do certame realizado nessa sexta-feira, 28 de agosto, é um dos indicadores de que o mercado brasileiro atraia investidores pois registrou um preço, em dólares, ainda menor do que o do ano passado. Apesar disso, a fonte deverá ficar restrita à contratação em leilões de reserva.
O presidente da Empresa de Pesquisa Energética, Maurício Tolmasquim, disse que o valor da energia negociada no leilão de hoje ficou em US$ 85/MWh. Mesmo com o preço médio em reais estar 40% acima, quando convertido pela moeda norte americana, ficou US$ 3 menor do que se obteve no leilão de outubro de 2014. "O preço para esse leilão foi de US$ 85/MWh e ficou em algo que não poderíamos imaginar, pois no primeiro leilão ficou em US$ 88/MWh e achávamos que aquilo era o piso. Agora tivemos uma boa surpresa", comentou ele em entrevista coletiva após o encerramento do certame que durou cerca de sete horas.
Esse tempo de disputa foi comemorado pelos representantes do governo. Segundo Tolmasquim, tudo indica que a solar terá o mesmo caminho virtuoso que a eólica. A aposta é de que cada leilão terá mais empreendedores dispostos a investir e no mesmo ritmo, um maior número de empresas da cadeia de fornecedores no país. Com isso, a perspectiva é de que seja verificada queda de preço.
"Esse ano faremos dois leilões, esse com entrega para 2017 e tem mais um em novembro cujo fornecimento é para 2018. A gente quer sinalizar que teremos leilões anuais sim. A sinalização é importante para dar tranquilidade aos fabricantes de que podem vir porque teremos uma demanda de equipamentos. Não sei se teremos dois certames nos próximos anos, mas pelo menos um por ano teremos", assegurou o presidente da EPE.
Contudo, o perfil para a participação da solar fotovoltaica nos próximos leilões deverá seguir o mesmo desse certame. Aliás, tanto esse quanto o do ano passado apresentaram perfis de contratação semelhantes em volume de energia viabilizada. Tolmasquim afirmou que apesar do sucesso do leilão, a fonte ainda deverá ser contratada por meio de leilões de reserva. No certame desta sexta-feira o governo disse que a meta era a de contratar, assim como no ano passado, cerca de 1 GWp de capacidade instalada. Para os próximos anos, ele disse que esse volume poderá variar de acordo com a demanda e o momento pelo qual o país estiver passando.
Tolmasquim elogiou ainda a presença de grandes investidores nesses dois leilões que o governo realizou. Segundo ele, essa presença atrai a atenção de novos empreendedores e de fornecedores, afinal os projetos têm mais garantias de que realmente sairão do papel, o que atribui maior confiabilidade ao mercado nacional de energia solar fotovoltaica que começa a se estabelecer por aqui.
Segundo dados apresentados por Tolmasquim, o deságio de 13,5% no leilão de reserva representou uma economia de cerca de R$ 2 bilhões para o consumidor durante os 20 anos de duração dos contratos fechados. Ocorreram 87 rodadas na etapa uniforme mais uma na discriminatória.