A projeção preliminar das vazões para setembro esperada pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico é de energia natural afluente abaixo da média histórica. Os dados apontam para um nível de 81% da média de longo termo nos submercados Sudeste/Centro-Oeste e Sul, 78% no Norte do país e de 56% da media histórica no Nordeste. Um dos destaques apresentados na reunião do Programa Mensal de Operação é a ocorrência de um maior número de frentes frias chegando ao país, mas sem muita chuva.

De acordo com a previsão do ONS, a vazão nas bacias do Baixo Paraná, no Alto Tietê e Paraguai, que estão no submercado SE/CO, apresentarão índices acima da média de longo termo. Já para o Sul espera-se em setembro uma perspectiva de vazões acima da média nas bacias do Capivari e no Paranapanema. No Nordeste, onde a bacia do São Francisco responde por quase a totalidade das vazões é esperada ENA de 53% enquanto no Norte para a bacia do Tocantins está prevista uma vazão de 78%.

No primeiro dia de reunião do PMO, o operador estimou que espera um armazenamento máximo no SE/CO de 30,8% ao final de novembro com o desligamento das térmicas de CVU até R$ 600/MWh. Esse nível ficaria em 32,8% caso as UTE de CVU de até R$ 800/MWh estivessem acionadas e de 33,9% para aquelas cujo preço está acima de R$ 1 mil/MWh. No NE, a estimativa é de um nível de 14,5% nesse mesmo período. O nível mais otimista se deu pela redução da demanda por energia no país.

Na análise do ONS, o nível de segurança para o período úmido para alcançar um armazenamento de 20% em novembro de 2016 no SE/CO é de 70% da MLT entre os meses de dezembro de 2015 e abril de 2016. Nesse cenário traçado está considerada a segunda pior ENA do histórico no período seco, de 64% da MLT, registrado em 1955. Já para o NE esse nível de ENA no período úmido deveria ficar em apenas 50% da média histórica para se alcançar os mesmos 20% em novembro de 2016, utilizando a mesma premissa para o período seco na região, de 54% da MLT, registrada em 2002. A previsão de carga para o mês de setembro está inicialmente estimada em 2,9% a menos do que no mesmo mês do ano passado, com 63.456 MW médios.

Segundo o operador, o normal é verificar a chegada de frentes frias a cada 4 ou 5 dias, em setembro se prevê a ocorrência a cada três dias. Um dos motivos é que não se espera a repetição de bloqueios atmosféricos que impedem o avanço dessas frentes como foi verificado no mês de agosto. As frentes frias deverão ser verificadas nos dias 3, 6 e 10 de setembro, inclusive essa última deverá ser a responsável por muita chuva no sul e no sudeste.

Sobre a previsão climática, o ONS disse que as primeiras configurações de ZCAS começam a aparecer em novembro. O El Niño é de intensidade moderada, mas há tendência de se tornar forte. Alguns modelos ainda apontam para o início do período chuvoso no Sudeste já em setembro chegando a São Paulo. O ONS classifica que a previsão de chuvas para o sul do país nos próximos três meses vai de normal a acima da média.

Na apresentação aos agentes, houve um relato da decisão do CMSE em reduzir as térmicas com Custo Variável Unitário superior a R$ 600/MWh, uma semana depois da reunião do PMO de agosto. Os técnicos trouxeram uma tabela com o despacho térmico desde 2014 e os custos de geração por fonte. Para as térmicas com custo superior a R$ 1 mil/MWh, exemplo, o gasto foi de R$ 272 milhões/ano.

Quanto ao São Francisco há uma preocupação com o baixo armazenamento e a baixa afluência. É necessário chegar mais água a Sobradinho e, por isso, a ideia é aumentar a defluência de Três Marias para melhorar a situação do reservatório. Semana passada aumentaram de 350 para 400 m³ por segundo, mas isso não resolve o problema da geração. As previsões indicam armazenamento abaixo de 10% no NE no fim do período seco.

Na prática, o São Francisco hoje não é tão importante em termos de segurança energética, segundo o agente que acompanhou a reunião porque o Nordeste tem outras fontes. A situação é talvez mais preocupante, segundo ele, por causa de outros usos da água. A defluência hoje de Sobradinho e Paulo Afonso é de 900 m³ por segundo. Mesmo com isso, o ONS imagina que vai ter problema de abastecimento.

Na reunião houve críticas ao despacho fora da ordem de mérito por um dos participantes. Ele argumentou que a ação do ONS contraria a CvaR e isso está deslocando as hidrelétricas. O ONS disse que vai registrar a ponderação e voltou a afirmar que eles estão estudando aprimoramentos na metodologia. A entrada do segundo bipolo do Madeira foi postergada de setembro para novembro, pois a demanda está abaixo da capacidade de escoamento do primeiro sistema de transmissão.