A Celg GT surpreendeu e arrematou o lote K do leilão de transmissão realizado nesta quarta-feira, 26 de agosto, em São Paulo. Com um deságio de 15,5% a empresa ofertou uma receita anual permitida de R$ 17,849 milhões e ficou com a subestação em Luziânia que está no entorno do Distrito Federal, desbancando até mesmo a State Grid. O investimento estimado pela Agência Nacional de Energia Elétrica no ativo será de R$ 127,8 milhões. Esse valor deverá ser obtido por meio de recursos próprios em sua maior parte e apenas 20% por meio do BNDES.

De acordo com o diretor de Gestão da CelgPar, controladora da Celg-GT, Elie Chidiac, a empresa considerou vários aspectos para obter o sucesso neste leilão. Entre eles é que esse lote é importante para o estado e de acordo com os estudos de investimentos e da taxa interna de retorno da empresa conseguiram ofertar o lance vitorioso.

Em sua avaliação o resultado do leilão pode ser atribuído às dificuldades que as empresas vêm enfrentando em termos de alavancagem e que impediu a ampla participação de empresas tradicionais no setor de transmissão. Além da Celg-GT arremataram lotes a Isolux, que não participou da entrevista coletiva pós-leilão, e um novo investidor, a Planova.

Aliás, o presidente do conselho de administração dessa nova companhia no segmento de transmissão, Sérgio Facchini, disse que a crise é de confiança no Brasil. E que esse é um dos motivos para que os empreendedores tenham se afastado dos leilões, mesmo considerando este um setor estável em termos de recebíveis. “Ao mesmo tempo que temos um esforço do MME em oferecer taxas diferenciadas nos projetos há uma restrição enorme em termos de financiamentos em função do ajuste fiscal. O BNDES vem induzindo os empreendedores a buscar alternativas de funding por meio de debêntures”, comentou ele.

Apesar desse aspecto, a Planova entrou pela primeira vez no setor de transmissão por considerar este um segmento onde há segurança de recebíveis mais do que em qualquer outro setor da economia. “O projeto é um colchão de estabilidade”, destacou. E comemorou o resultado deste leilão em função de haver muitos players tradicionais sobrecarregados, o que abriu uma oportunidade de investimentos.

No equacionamento inicial para o investimento, a Planova, espera conseguir 50% dos valores a serem investidos junto ao BNDES, 30% por meio de debêntures e os 20% restantes por capital próprio. A empresa levou o lote J, referente a uma linha de transmissão de 230 kV com 158 quilômetros de extensão entre os municípios de Santo Ângelo e Santa Maria, ambos no Rio Grande do Sul.

O diretor da Aneel presente à coletiva pós-leilão, Reive de Barros destacou que o país precisa do BNDES para o financiamento da infraestrutura. Mas que as empresas precisam encontrar outras formas criativas para obter recursos diante do atual momento de dificuldades conjunturais pelo qual o país passa. Entre as opções que estariam disponíveis ele citou empréstimos até mesmo com órgãos internacionais ao lembrar-se de projetos de terminais de regaseificação de gás natural em construção no sul e no nordeste do país.