O Grupo Energía de Bogotá, por meio de sua subsidiária EEB, finalizou a aquisição das quatro concessões de transmissão adquiridas junto a duas subsidiárias da JMalucelli e Desenvix na última sexta-feira, 21 de agosto. O valor da transação ficou em R$ 547,9 milhões, o que deu direito da companhia colombiana a deter 51% de participação na Transenergia Renovável, Transenergia São Paulo, Goiás Transmissão e MGE Transmissão, todas em sociedade com Furnas que detém os demais 49%.

Em meio à assinatura dos contratos que colocam-na no mercado brasileiro, o presidente do Grupo Energía de Bogotá, Ricardo Barragán, afirmou que a empresa tem a meta de se firmar no país como um grupo investidor de longo prazo. E que a prioridade da companhia é pela aquisição de ativos já em operação no país, assim como os recém adquiridos. A companhia se estabeleceu no Brasil sob o nome de Gebbras Participações. Veja a seguir os principais trechos da entrevista concedida com exclusividade à Agência CanalEnergia.

Agência CanalEnergia: Como surgiu o interesse da Empresa de Energía Bogotá pelo mercado brasileiro?

Ricardo Barragán: A cerca de 10 anos o Grupo Energía de Bogotá já vinha tentando entrar no mercado energético do Brasil. Para nós, o Brasil ao lado do México é um dos países na América Latina com o maior potencial de crescimento em infraestrutura de energia, tanto em geração quanto em transmissão de eletricidade além de transporte e distribuição de gás natural. Por este motivo viemos empreendendo esforços para adentrar neste mercado energético no Brasil. Com esta negociação o Grupo Energía de Bogotá adquiriu 51% das ações de quatro concessões que datam de 2009 e que representam investimentos importantes e agora deixam a companhia como sócia de Furnas, uma das mais importantes empresas do setor no país.

Agência CanalEnergia: O fato de Furnas ser o sócio dessas quatro transmissoras influenciou na decisão pelo investimento ?

Ricardo Barragán: Sim. Furnas é o sócio controlador e responsável pela operação e manutenção desses ativos. Um dos aspectos que olhamos sempre quando vamos adquirir um negócio é com quem vamos nos associar nessa atividade que é de longo prazo e tem um papel importante no desenvolvimento e qualidade de vida das pessoas. É relevante estar com empresas desse porte no país e com toda a sua estrutura. Para nos é importante entrar nessas sociedades e, com Furnas vamos andar em busca de outras opções de investimentos no Brasil.

Agência CanalEnergia: Então estes são apenas os primeiros investimentos da EEB no Brasil ? O que a empresa planeja para os próximos anos em termos de crescimento no país?

Ricardo Barragán: Aqui estamos avaliando alternativas de participações em sistemas de transmissão. Mas ainda estudamos uma série de projetos em outros países como no México um país onde a reforma energética abriu espaço para investimentos de US$ 28 bilhões. O Brasil mostra potencial de desenvolvimento de fontes não convencionais e renováveis de geração de energia e neste tipo de projetos há necessidade de conexão no país. Há o potencial de um grande desenvolvimento. E ainda, outros negócios como o transporte de gás natural e de geração de energia de fontes não convencionais. Contudo, nossa prioridade está na aquisição de ativos brownfield, como estas quatro que assinamos o contrato hoje [sexta-feira, 21], que estão em operação e que estão gerando riqueza para a companhia.

Agência CanalEnergia: E quanto a projetos novos?

Ricardo Barragán: Nossa prioridade é investir em ativos brownfield, mas logicamente que as alternativas de projetos greenfield são analisadas, mas a nossa prioridade, como eu disse, estão em aquisições de ativos em operação em transmissão de energia elétrica. Nossa missão é de sermos players de longo prazo nos mercados nos quais atuamos, por isso avaliamos todas as oportunidades de investimentos porque essa é nossa natureza, sermos operadores estratégicos de longo prazo.

Olhamos ativos relacionados com negócios de geração e transmissão de energia, além de transporte e distribuição de gás natural. Nesse portfólio há um banco de projetos que vamos estruturar em nosso plano estratégico para os próximos anos. Há outras grandes oportunidades que vamos definindo com o tempo e assim que forem mais convenientes no país.

Agência CanalEnergia: Quais fontes de geração estariam no foco da empresa aqui no Brasil?

Ricardo Barragán: Olhamos para o gás natural. No momento fazemos alguns exercícios avaliando com detalhamento e realizando os primeiros desenhos de engenharia básica e ao passo que esse tipo de geração se desenvolver estaremos prontos para as disputas. Nesse campo temos experiência, no Peru temos parceria com iniciativa privada para um projeto de 600 MW, na Colômbia estamos trabalhando na instalação de outra UTE para fornecer energia para central de exportação de petróleo, essa unidade serve ainda como energia firme para o interior do país. No Brasil tem um bom número de projetos de geração de fontes não convencionais como a solar e eólica e algumas hidrelétricas, de maneira que há um grande volume de portfólio e que a seu tempo tomaremos a decisão sobre esse assunto.

Agência CanalEnergia:  A presença de outra empresa colombiana em transmissão no país, a ISA que controla a Cteep, influenciou de alguma forma a decisão de investir no país?

Ricardo Barragán: A ISA é uma de nossas aliadas e somos sócios em outros países. Dentro da Colômbia somos competidores, mas fora de nosso país, sócios estratégicos naturalmente até por sua natureza pública assim como a nossa empresa. Inclusive com participação acionária na ISA em outros países.