A diretoria da Cesp admitiu que tem a intenção de continuar operando as hidrelétricas Jupiá (1.551 MW) e Ilha Solteira (3.444 MW). Os empreendimentos representam 82,4% da energia total que será relicitada em 30 de outubro. Apesar do interesse, a companhia informou que está avaliando os efeitos da Medida Provisória 688, publicada na última terça-feira, 18 de agosto. “Evidentemente que existe uma clara intenção da Cesp preservar esses dois ativos. Afinal, eles foram construídos no início com recursos do ICMS do Estado de São Paulo”, disse presidente da Cesp, Mauro Arce, durante teleconferência com analista de mercado realizada nesta quarta-feira, 19.
A MP 688 traz em seu texto uma solução para o déficit hídrico que vem impactando negativamente o caixa das geradores de energia. Além disso, a medida alterou completamente o ambiente para o leilão que vai relicitar 29 usinas, ao permitir que o vencedor do leilão comercialize livremente até 30% da energia de cada empreendimento. Embora tenha evitado fazer avaliações aprofundadas sobre a MP, Arce reconheceu que a mudança foi um fato positivo. “Queria concordar que o fato de ter havido uma mudança, permitindo que parte dessa energia vá para o mercado, é um fato positivo”, disse. Segundo o executivo, não está claro se haverá uma possível preferência para o atual operador das usinas. “Sobre uma possível preferência, não há registros. Mas você tem que considerar que ainda será montado um edital específico para operação de cada usina. Teremos informações mais precisas quando os editais estiverem prontos.”
Sobre a solução para o GSF, a empresa informou que ainda há muitas dúvidas sobre a proposta apresentada pelo governo e que aguardará a publicação de uma nota técnica pela Agência Nacional de Energia Elétrica. “Nossa posição é ter calma para analisar esse material antes de falar qualquer coisa sobre como essas medidas afetam a Cesp”, disse Arce. A companhia diz que proposta apresentada pelo governo para o GSF difere da que foi repassada pelas associações. “Tudo que foi passado para nós, e essa é uma primeira impressão, difere daquilo que foi colocado [pelas associações sobre a solução do GSF]”, completou. Segundo Arce, por causa do GSF, a Cesp deixou faturar cerca de R$ 2 bilhões, entre 2014 e 2015, com a venda de energia no mercado de curto prazo. O executivo disse que gostaria que as usinas de Jupiá e Ilha Solteira, cujas concessões venceram em julho deste ano, pudessem ter seus contratos de concessão estendidos como forma de compensar os prejuízos com o GSF, como prevê a MP 688. “Esse é um ponto que me chamou a atenção. Gostaria que fosse verdade.”