O calendário mais recente de Angra 3 indica que a usina só estará gerando energia em dezembro de 2018. Talvez não. Durante evento na Escola Naval de Guerra no Rio de Janeiro, na última quinta-feira, 13 de agosto, o ministro de Minas de Energia, Eduardo Braga, pois em dúvida o cronograma do empreendimento. "Eu estava otimista achando que íamos entregar Angra 3 em 2018, agora já não sei mais", disse.

Desde que foi concebido, o empreendimento enfrentada uma série de obstáculos, tanto do ponto de vista político quanto técnico. Para colocar mais pedra no caminho, o projeto agora é um dos alvos da Operação Lava Jato da Polícia Federal. Cinco construtoras pediram para sair do consórcio Angramon, responsável pela montagem eletromecânica da usina atômica. Para justificar a saída do projeto, as construtoras alegam falta de pagamento pelos serviços já executados. Em entrevista à Agência CanalEnergia, o presidente da Eletrobras, José da Costa Carvalho Neto, informou que tentará negociar a permanência das construtoras. Uma reunião com as empresas está prevista para a próxima semana. O executivo informou que os recursos para honrar os pagamentos já estão em fase final de negociação.

A previsão oficial da Eletronuclear é que a usina estará operando em agosto de 2018, o que representará uma postergação de 32 meses e um prejuízo acumulado de R$ 5 bilhões. Um novo atraso no projeto sangraria ainda mais o orçamento da usina. Segundo a estatal, cada mês de atraso representa um prejuízo de R$ 156 milhões. 

Angra 3 está planejada para ter 1.405 MW de capacidade instalada e deveria entrar em operação em janeiro 2016, segundo a Portaria MME nº 980, de 21 de dezembro de 2010. A energia da usina atômica está entre as mais competitivas do país e poderia estar contribuindo para reduzir os custos da tarifa de energia no próximo ano. Além disso, como a energia da usina foi comercializada em contrato de reserva, todos os consumidores saem perdendo, inclusive agentes do mercado livre que deixam de se beneficiar dessa oferta.