O ponto que mais preocupa os investidores no setor eólico neste momento, o financiamento, recebeu na última terça-feira, 11 de agosto, a garantia de que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social continuará a fomentar os negócios. Foi o que assegurou a presidente executiva da Associação Brasileira de Energia Eólica, Élbia Silva Gannoum, após uma conversa com o presidente da instituição federal, Luciano Coutinho, e com a própria presidente da República, Dilma Rousseff.

Segundo Élbia, a conversa ocorreu após o anúncio do PIEE onde entre outras fontes, o governo federal apontou que irá contratar entre 4 GW e 6 GW em capacidade de geração eólica até 2018. O que daria cerca de 1,5 GW ao ano em média. “Após o evento conversei com a presidente onde disse que o problema para o setor é o financiamento e que o mercado está desconfiado. Mas ela me garantiu que há recursos sim no BNDES”, relatou a executiva da ABEEólica. “O BNDES tem cerca de R$ 130 bilhões para o financiamento da infraestrutura e o setor eólico demanda de R$ 10 a R$ 12 bilhões, ou seja, a situação é confortável”, comemorou.
Segundo sua avaliação essa afirmação tem peso para inverter o sinal de preocupação do setor que estamos vendo e que foi o principal tema discutido em evento da entidade realizado no mês passado com a cadeia de fornecedores e investidores, em São Paulo. Coutinho explicou que as condições do financiamento não mudaram no BNDES e que o financiamento continua entre 50% e 70% dos itens financiáveis.
“O que mudou são as condições macroeconômicas, a maioria dos financiamentos estão na faixa de 50% porque não tem preço teto e a alavancagem possível é o resultado de um sistema automático que leva em conta do aumento dos juros combinados com o índice de cobertura da dívida, quanto maior os juros, maior o risco e menor a alavancagem”, explicou Élbia. Com isso, ela reafirma que o leilão de energia nova A-3, marcado para 21 de agosto, não deverá ser bom. Há dois motivos: o preço teto para a fonte de R$ 184/MWh é considerado apertado e a baixa demanda que as distribuidoras deverão declarar para o período diante do atual situação pela qual o Brasil passa em termos de consumo.
Para o LER previsto para novembro deste ano e mais à frente no A-5 de janeiro de 2016, um leilão de cinco anos de prazo de verdade, as condições deverão ser melhores. Até porque, disse Élbia, há conversas com o governo que já mostrou ter compreendido que quanto mais competição, melhor para o leilão e esse processo competitivo vem por meio de preços mais elevados para atrair mais investidores. Dessa forma, acrescentou, é que teremos mais concorrência e uma seleção mais eficiente dos melhores projetos.