A EDP está preparada para enfrentar o maior teste de fogo para seu novo aplicativo para previsão meteorológica, o Clima Grid, o verão 2015/2016. A intenção da empresa é de aumentar a assertividade das previsões do tempo para a área de concessão de suas duas distribuidoras, a Bandeirante – que atua em cidades da grande São Paulo e Vale do Paraíba – e na Escelsa (ES). A meta é de aumentar o nível de acerto de 90% para 95% com 72 horas de antecedência do evento climático e assim permitir a redução do tempo de espera para a resolução de ocorrências.

Para se ter uma ideia da importância desses eventos, naturalmente, o clima responde por cerca de 70% das ocorrências nas redes de distribuição dessas duas empresas, pois assim como na maior parte do mundo, são redes aéreas, e por isso, mais vulneráveis às intempéries atmosféricas. No verão esse volume aumenta para até 80% das ocorrências. As demais, são diversas, desde problemas associados a acidentes de trânsito, tentativas de furto de energia, entre outros.
Segundo Murilo Marigo, gestor Operacional de Call Center da Bandeirante, outro fator importante para o uso dessa ferramenta é que das 20 cidades do estado que são mais afetadas por raios, 11 estão na região de atuação da EDP. “A previsão para 2030 é de que a incidência de raios aumente ainda mais, esse fenômeno está associado ao processo de urbanização, que é intenso na faixa que acompanha o eixo da rodovia Presidente Dutra”, explicou ele. “Por isso precisamos dar uma resposta cada vez mais rápida ao nosso cliente e saber quando e onde vai chover ajuda nessa tarefa”, acrescentou.
O projeto que desenvolveu essa ferramenta começou em 2010 em parceria com o INPE em São José dos Campos (100 km de São Paulo), explicou Marigo. A primeira fase terminou em 2012 e já em 2013 foi iniciada a segunda fase que está em fase de ajustes finais na empresa. “Nossa expectativa é de chegar a 95% de precisão”, apontou ele. A primeira fase consistiu em desenvolver a ferramenta ao utilizar os dados meteorológicos das estações do INPE. E agora, a segunda fase é de aprimoramento e busca por maior nível de precisão. Essa etapa envolveu a instalação de sete novas estações próprias por parte da EDP em cada uma das suas distribuidoras.
Marigo revela que ainda não é possível alcançar esse nível de precisão desejada em um período de tempo extenso, até porque a situação climática pode variar muito em, por exemplo, 72 horas, mas que nesse horizonte o nível de acerto está em cerca de 70%. Por enquanto o sistema dificilmente erra quando a previsão é feita com 12 horas de antecedência. “O Clima Grid não reduz indicador de qualidade o que faz isso é o trabalho da empresa. A ferramenta nos dá as informações necessárias para que consigamos fazer o trabalho de forma mais rápida”, ressaltou ele.
Esse projeto está enquadrado como P&D da Aneel e na visão da EDP deverá ser continuamente aperfeiçoado. Inclusive, teoriza Marigo, no futuro breve poderá ser cada vez mais útil para a própria operação do dia a dia da distribuidora ao passo que avançam os sistemas de micro e minigeração distribuída na matriz elétrica brasileira. Ele avalia que conhecer com mais precisão as variações, até mesmo horárias de incidência de sol, temperatura, vento, além é claro das chuvas e raios, trará uma complexidade maior à operação das empresas uma vez que terão que lidar com as variações de demanda ao longo do dia e seus perfis diferentes de carga.
“Esse é um desafio para o futuro no mundo todo, não é apenas a introdução do painel solar ou do aerogerador é o gerenciamento da rede de distribuição e que envolve ainda manter a sua estabilidade. É uma infinidade de dados que serão coletados e que precisarão ser processados em supercomputadores em modelos complexos”, finalizou.
(Nota da Redação: matéria alterada às 10:50 horas do dia 27 de agosto de 2015 para correção de dado do 1º parágrafo. Na primeira versão dizia que a meta era aumentar o nível de acerto com 12 horas de antecedência, e não 72 horas o que é o correto)