O presidente da EDP Brasil, Miguel Setas, reafirmou o compromisso de antecipar a operação da hidrelétrica Cachoeira Caldeirão, em construção no estado do Amapá. A empresa trabalha para antecipar o projeto em seis meses, mas a usina pode começar a gerar já em janeiro de 2016, o que adiantaria o cronograma em 12 meses. Contratualmente, o compromisso de início de suprimento é 1º de janeiro de 2017, quando os contratos firmados no mercado regulado precisam ser atendidos.
O projeto de Cachoeira Caldeirão tem 219 MW de capacidade instalada, com 129,7 MW médios de garantia física. A obra foi iniciada em 2014 e já está 84% concluída. "Estamos trabalhando para antecipar essa usina entre 6 meses e 12 meses", afirmou o executivo, que recebeu a Agência CanalEnergia na sede da EDP em São Paulo, nesta quinta-feira, 30 de julho.
A antecipação é estratégica e pode alavancar os resultados da EDP em 2016. Para se ter uma ideia, a antecipação de três meses alcançada em Santo Antônio do Jari (373MW) gerou ganhos de R$ 170 milhões para a companhia em 2014. "Três meses e meio de antecipação de Jari valeu por um ano de resultado da usina por causa do preço do PLD em 2014, quando estava em R$ 822", lembrou o executivo. Contudo, Setas preferiu não revelar as estimativas de ganhos com a antecipação de Cachoeira Caldeirão.
Segundo Setas, a antecipação é resultado de três fatores de sucesso: avaliação de risco cuidadosa, modelo rigoroso de gestão dos cronogramas, e a escolha de projetos abaixo de 1.000MW. "Vocês não vão ver a EDP participando de usinas de grande dimensão, são riscos que a empresa não está preparada para gerir."
Em 7 de maio, a abertura da ensecadeira (estrutura de terra) da margem esquerda de Cachoeira Caldeirão resultou no alagamento de parte do município de Ferreira Gomes. A empresa garante que a operação foi controlada e necessária por causa da cheia do rio Araguari. Para a EDP, as manobras realizadas nas usinas a jusante da barragem de Cachoeira foram o que causaram o alagamento parcial da cidade. "Na nossa avaliação, as águas poderiam ter sido contidas", disse Setas. Segundo a EDP, esse incidente causou perdas de 10 de dias trabalho e R$ 10 milhões em indenizações. A empresa espera que o seguro cubra esses custos imprevistos.
* O repórter viajou a convite da EDP Brasil