O Instituto de Pesquisas Tecnológicas finalizou o desenvolvimento de um projeto para obtenção do Silício Grau Solar, que é usado na produção de células solares fotovoltaicas. Ele era obtido como um subproduto da produção do Silício Grau Eletrônico. Ele consiste na criação de um processo de purificação do silício que usa uma rota metalúrgica, diferente da tradicional rota química usada para a produção de silício grau solar e eletrônico. O projeto foi desenvolvido no âmbito de uma linha para inovação do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social. Os investimentos foram de R$ 11,6 milhões e resultaram em um doutorado, três dissertações de mestrado, e duas patentes.

Além do financiamento do BNDES, o projeto contou com a parceria da Companhia Ferroliga de Minas Gerais. Ela tem um contrato que envolve pagamento de royalties e exclusividade na exploração de tecnologia por um determinado período. Segundo o pesquisador, ela demonstrou o interesse em construir uma planta para produzir em escala industrial e busca a viabilização dos próprios recursos. "Tudo indica que a própria empresa está interessada em utilizar os resultados", revela. Ela foi aprovada na primeira etapa do Inova Energia para construção de uma planta com capacidade de 100 toneladas por ano.

Não há no país produtores de silício de alta pureza nem de células solares. De acordo com o coordenador do projeto e pesquisador do Laboratório de Processos Metalúrgicos do IPT, João Batista Ferreira Neto, o SiGS pode contribuir para o crescimento da cadeia solar no Brasil no futuro. Em um primeiro momento, como o mercado interno ainda é pequeno, o foco seria o mercado externo. "Ela seria mais exportadora de matéria prima, porque agregaria valor ao produto. No futuro, como ela já seria fabricante dessa matéria prima no Brasil ajudaria a alavancar a cadeia como um todo", afirma.

Mesmo com um raio de atuação fora da energia solar, a movimentação da MinasLigas no mercado seria boa para o mercado, já que haveria uma empresa indutora no setor. "A partir do momento que se tem uma empresa produtora da matéria-prima aqui, quem eventualmente se interessar em produzir células no país já veria o mercado com outros olhos", aponta Ferreira Neto.

Ele conta que o Brasil é um dos maiores produtores mundiais de silício grau metalúrgico, com capacidade de produção de aproximadamente 200 mil toneladas por ano. A proposta é agregar valor ao produto com o desenvolvimento do Silício Grau Solar, que atualmente é comercializado por aproximadamente 20 dólares o quilograma. Segundo o pesquisador, no mundo há apenas um projeto em fase industrial de produção de silício de grau solar pela rota metalúrgica, na Noruega, e a demanda por energia solar é ascendente.

Estudos de viabilidade financeira do IPT mostraram que uma planta com produção de 100 toneladas de silício ao ano teria, em sua fase piloto, um faturamento anual aproximado de US$ 2,1 a US$ 2,4 milhões. Para Ferreira Neto, esses números mostram que as previsões da empresa estão em sintonia com as estimativas do mercado. Em 2014, foi realizado pelo governo federal o primeiro leilão de energia em que projetos solares foram comercializados. Este ano, a contratação é esperada no leilão de reserva, que será exclusivo da fonte.