O preço-teto estabelecido para as PCHs que estão habilitadas a participar do leilão A-3 de 21 de agosto pode ser considerado como preço-piso e não o máximo. Essa é a avaliação do presidente executivo da Associação Brasileira de Geração de Energia Limpa, Charles Lenzi. O valor que seria mais indicado para promover competitividade e atrair investidores para ofertar energia da fonte está na casa de R$ 260 a R$ 270/MWh.

O executivo da Abragel classificou os R$ 216/MWh do A-3 para a fonte como um patamar que não é bom. Contudo, salientou que é preciso reconhecer que nos últimos leilões houve um avanço quanto a questão preço. “Saímos de R$ 170/MWh para R$ 210/MWh e deu uma perspectiva para o mercado, mas agora, nos últimos meses tivemos uma alteração das condições econômicas que não colocam mais o preço do último leilão como referência para o teto da fonte”, afirmou ele.
O principal motivo apontado por Lenzi é o mesmo que outros segmentos estão apontando: o aumento do custo de financiamento de projetos. Como o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social reduziu a parcela financiável de projetos e a taxa foi elevada, aumentou o custo do financiamento. Além disso, citou, houve ainda o aumento da taxa básica de juros, a Selic que elevou o custo do dinheiro no país.
Além disso, especificamente para geradores que se utilizam da fonte hídrica, destacou o executivo, há o aumento da percepção de risco com a questão do GSF que vem afetando todos os geradores. “Em nossa avaliação o teto deveria ser mais elevado para atrair investidores, um valor mais alto proporciona disputa e com isso temos mais competitividade. Quanto mais gente interessada melhor é a competição e a tendência de redução de tarifa”, apontou.
Segundo Lenzi, o preço-teto de R$ 216/MWh não é o suficiente para que se compense a degradação do cenário econômico para o setor elétrico. E lembra que no A-5 de abril, quando a fonte teve 25 projetos habilitados, apenas oito realmente fecharam CCEARs com o preço partindo de R$ 210/MWh. Ao valor estabelecido agora, classificou o preço-teto como o piso para a fonte.