A State Grid Brazil Holding mal acabou de arrematar o segundo bipolo da UHE Belo Monte (PA, 11.233 MW) e já está aberta a admitir empresas locais como sócias no empreendimento. A companhia considera importante ter uma parceira local que conhece o mercado nacional. A ideia é ter grandes companhias nacionais nomeando as subsidiárias da Eletrobras como possíveis alternativas para a composição do grupo que ficará responsável pelo projeto.

“O tempo para estudar uma parceria como a que tivemos no leilão do primeiro bipolo foi restrito e isso foi impositivo para que apresentássemos a nossa proposta de forma isolada, mas estudamos a parceria com a Eletrobras”, disse o vice presidente de O&M da State Grid, Ramon Haddad, em coletiva após o leilão. “Vamos continuar a conversar com grandes players, principalmente a Eletrobras, que já é sócia no primeiro bipolo”, revelou ele.

O projeto deverá consumir investimentos da ordem de R$ 7 bilhões, em linha com o que Agência Nacional de Energia Elétrica estabeleceu como estimativa. De acordo com Haddad, a empresa vai, naturalmente, buscar as sinergias possíveis com o outro primeiro bipolo da usina para otimizar os valores. Contudo, ele não indicou de quanto poderia ser esse ganho adicional. A empresa ofertou uma Receita Anual Permitida de pouco mais de R$ 988 milhão ao ano, representando um deságio de 19% sobre o teto de R$ 1,2 bilhão.

Outra frente para equacionar a questão financeira do projeto que terá 2.518 quilômetros de extensão com 800 kV e seccionamento de 500 kV no Terminal Rio passa obrigatoriamente pelo BNDES e pela emissão de debêntures de infraestrutura. Os volumes de cada uma dessas partes que podem formar a base de financiamento ainda não foram definidas. Haddad afirmou que a empresa tentará obter o máximo de financiamento possível que o banco de fomento federal disponibiliza pois essa instituição é a maior parceira do setor de infraestrutura. Já quanto o arranjo para a emissão de debêntures, ainda dependerá dos fornecedores brasileiros e internacionais. Ele disse preferir equipamentos nacionais, mas não descartou o uso do conhecimento chinês que já se utiliza da tecnologia HVDC por lá.

Aliás, ele classificou com o folclore o boato de que a empresa estaria tentando trazer trabalhadores da China para atuar nas frentes de trabalho do primeiro bipolo. “Vamos usar experts chineses que já conhecem a tecnologia de 800 kV de corrente contínua”, disse ele.

Outro problema verificado no primeiro bipolo da linha de transmissão de Belo Monte é o atraso verificado para a obtenção do licenciamento ambiental. Haddad disse que para o segundo bipolo confia na melhoria dos órgãos ambientais e da própria empresa para tornar o licenciamento mais ágil do que no primeiro caso. O cronograma inicial do primeiro bipolo apontava para a liberação da LI em janeiro, contudo o documento foi emitido apenas em junho. Com isso, admitiu, será necessário um ajuste de cronograma para que a linha seja entregue no prazo, mas refutou a chancela de atraso para o primeiro bipolo.

O cronograma da obra, disse Haddad, deverá ser cumprido apesar de considerá-lo apertado. Se fosse pela SGBH a opção seria por mais de 50 meses para a conclusão da obra.