A parceria entre a Renova Energia e as americanas TerraForm Global e SunEdson colocam a companhia brasileira em uma posição estratégia no mercado de energia renovável, além de inaugurar uma nova forma de captar recursos entre as elétricas brasileiras. Segundo Mathias Becker, CEO da Renova, a operação aumenta a competividade da empresa, dando sustentação a execução de seu plano de negócios.

O executivo negou que o acordo com as americanas surgiu apenas por uma necessidade de reforço de caixa. "Nos estruturamos para poder continuar crescendo, sempre com projetos que tenham qualidade, mesmo num período de crise no mercado", disse o executivo, em entrevista à Agência CanalEnergia. Ele contou que desde de julho do ano passado, durante a preparação para os leilões, a empresa já se deparou com um cenário desafiador na busca por capital para financiar novos projetos. Além disso, havia uma sinalização que o BNDES diminuiria sua participação nos projetos, o que veio a se concretizar no final do ano. O banco de fomento reduziu sua participação para 50% e aumentou a taxa de financiamento de longo prazo.

Com a transação, a Renova irá "reciclar o capital investido" nos projetos eólicos e hidráulicos. Além disso, ganhará um parceiro estratégico, que dará mais competitividade para empresa nos leilões, inclusive para investimentos em energia fotovoltaica, mercado que está em desenvolvimento no Brasil e que a SunEdson conhece bem.

De acordo com Becker, o que facilitou a operação foi a sinergia entre a TerraForm Global e a Renova, justamente pelo interesse da SunEdison em se aproximar da companhia brasileira e investir na América Latina, "Houve um encontro de DNA entre as empresas", afirmou.

Como o capital deve ficar mais escasso no futuro, a transação também deixa o perfil financeiro da Renova mais robusto, possibilitando a empresa buscar formas mais criativas de financiamento, como a emissão de debêntures incentivadas, por exemplo. "Ganhamos mais versatilidade", afirmou Becker. "Evidentemente que temos o BNDES, mas eventuais variações que possam acontecer, a Renova fica mais solida e versátil para buscar formas de financiamento complementares."

A transação entre a Renova e a TerraForm Global envolve a venda de ativos operacionais de geração eólica e hidráulica. A primeira fase envolve projetos do LER 2009 e Proinfa e vão movimentar valores da ordem de R$ 1,6 bilhão. Parte desses recursos serão recebidos em ações, o que transformará a Renova em sócia da americana, permitindo a brasileira reinvestir parte dos dividendos em futuros novos projetos.

A segunda fase da operação compreende outros ativos que possuem contratos de venda de energia de longo prazo no Brasil e projetos a serem desenvolvidos. Becker explicou que esses ativos, que somam 2.204 MW, só serão permutados após suas respectivas entradas em operação e conforme cronogramas negociados entre as partes.

A terceira parte prevê o ingresso da SunEdison no bloco de controle da Renova, a partir da compra de 21,4% das ações que hoje pertencem a Light. Com isso, somando o equity e as dívidas, a SunEdison está colocando cerca de R$ 14 bilhões na Renova (valor do ativo). A consumação das operações estão sujeitas a uma série de condições, incluindo a realização do IPO da TerraForm Global, em andamento, e aprovações regulatórias.