O Arquipélago de Fernando de Noronha, em Pernambuco, dá um passo importante no uso de energia limpa. Nesta sexta-feira, 10 de julho, a Neoenergia inaugurou a usina solar Noronha II, a segunda do tipo na região. O empreendimento de 550 kWp produzirá ao longo de 12 meses cerca de 800 MWh, volume suficiente para atender 5% do consumo anual da ilha. A nova usina é fruto do Programa de Eficiência Energética da Aneel e contou com investimentos da ordem de R$ 6,4 milhões.
A nova unidade geradora renovável se integrará à usina fotovoltaica Noronha I (400 kWp). Juntas as duas plantas serão responsáveis por cerca 10% da energia consumida no arquipélago. Com isso, deixarão de ser consumidos 400 milhões de litros de biodiesel por ano, o que representa uma economia de mais de R$ 1 milhão com a queima de combustível fóssil e outros R$ 1 milhão com transporte.
“De fato tem sido um trabalho intenso buscar tecnologias para tornar o ambiente em Noronha mais renovável”, disse Solange Ribeiro, presidente da Neoenergia. A empresa está investindo R$ 28 milhões em projetos de eficiente energética na ilha. “Esse sistema é um passo importante para Noronha chegar a 100% de energias renováveis”, disse Johannes Kissel, coordenador de energias renováveis da GIZ.
A demanda elétrica de Fernando de Noronha continuará sendo atendida pela térmica Tubarão, que terá sua participação reduzida para 90%. A térmica tem 4,7 MW de capacidade mais um gerador de 1,1 MW de backup. O combustível, que chega a custar R$ 1.200 para gerar 1 MWh, é entregue pela Petrobras. A ilha tem aproximadamente 3,5 mil moradores, sendo que a população flutuante está estimada em 4 mil pessoas.
Para Reginaldo Valença, administrador da ilha, a usina Noronha II representa mais um passo “significativo no sentido de consolidar o Arquipélago de Fernando de Noronha como exemplo a ser seguido da diversificação da matriz energética”. A ilha é reconhecida pela Unesco como Patrimônio Mundial Natural.
Os 1.836 módulos de silício policristalinos de Noronha II foram instalados sob uma área de concreto de 8 mil metros quadrados, pertencente ao governo do estado de Pernambuco. A WEG foi a responsável pela aquisição, transporte e instalação dos equipamentos. A chinesa Yngli forneceu os módulos e a americana ABB os inversores de energia. Por um ano, a WEG também será responsável por monitorar e dar manutenção na usina. Após esse período, a usina será transferida à administração pernambucana.
A comercialização da energia obedecerá às regras do sistema de compensação, regulado pela Aneel (REN 482/12). A energia, que será injetada na rede por meio do sistema da distribuidora Celpe (Neonergia), compensará 70% do consumo dos prédios públicos da ilha.
A expectativa é que a usina solar opere por 25 anos. Segundo a Neoenergia, durante os testes pré-operacionais de geração, a usina apresentou desempenho superior ao previsto, com fator de capacidade atingindo 19%. “O sistema elétrico de Fernando de Noronha será monitorado com o objetivo de definir a melhor estratégia para maximizar a geração renovável”, adiantou a empresa. O próximo passo é utilizar sistemas de baterias integrados as plantas solares para equilibrar a frequência elétrica de Noronha.
As duas unidades solares contaram com o apoio técnico das agências de fomento internacional GIZ (Agência de Cooperação Alemã) e USAID (Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional). Noronha II é a quarta usina solar instalada pelo Grupo Neoenergia no Brasil. As outras estão no estádio Pituaçu, na Bahia, e na Itaipava Arena de Pernambuco.
*O repórter viajou a convite da Neoenergia