As hidrelétricas deverão apresentar uma fraca geração de caixa em 2015. Segundo a agência da classificação de risco Fitch Ratings, a produção dessas usinas deve ser menor entre 10% e 20% do que o volume de energia negociada – obrigando as empresas a recorrem ao mercado à vista (spot) para honrar os compromissos contratuais. O prejuízo com a menor produção de energia no ano deve alcançar pelo menos R$ 20 bilhões, podendo chegar a até R$ 30 bilhões. Para a Fitch, as geradoras hidrelétricas que não fazem parte de um grupo econômico ou não possuem forte perfil financeiro devem enfrentar uma maior pressão negativa sobre os ratings.
"O setor brasileiro de energia elétrica continuará enfrentando importantes desafios no segundo semestre de 2015. Apesar de o racionamento não ser mais uma preocupação em 2015, a menor geração energética das hidrelétricas impactará severamente o fluxo de caixa operacional das empresas”, escreveu a agência em seu Panorama do Setor Elétrico Brasileiro, publicado nesta terça-feira, 7 de julho.
O risco de liquidez das distribuidoras diminuiu em 2015, devido à implementação do mecanismo de bandeira tarifária e da revisão tarifária extraordinária. A bandeira permite cobrir mais rápido os custos adicionais de energia por meio de elevação de preços aos consumidores finais, reduzindo a necessidade de capital de giro. O aumento médio da tarifa, de 23,4%, resultante da RTE, ajudou as distribuidoras a cobrir a recente alta de custos relacionada à elevação de 46% da energia gerada por Itaipu, cujo preço é baseado em dólar, à eletricidade mais cara adquirida em leilão promovido pelo regulador e ao aumento dos encargos setoriais.
Com o alívio do governo, a maioria das distribuidoras deve ter ratings estáveis. O quarto ciclo de revisão tarifária também deve beneficiar moderadamente as distribuidoras devido a um aumento do WACC que remunera a base de ativo. O sinal de alerta fica sobre o processo de renovação das concessões. “A implementação de indicadores de qualidade mínimos e de requerimentos financeiros para as distribuidoras será desafiadora para as que possuem histórico de fraca performance – principalmente companhias públicas, como as distribuidoras da Eletrobras, Cemig e Copel”, escreveu. As transmissoras continuam tendo o menor risco do setor. A Fitch Ratings prevê ainda queda de 5% no consumo de eletricidade, dado devido ao menor crescimento econômico e à alta de tarifas.