O Brasil poderá ter uma oportunidade de investimentos em nova capacidade de geração de energia que se aproximará da casa de US$ 300 bilhões nos próximos 25 anos. Essa é uma das conclusões de um novo estudo da Bloomberg New Energy Finance (BNEF), o New Energy Outlook sobre as perspectivas globais para a energia. Essa expectativa de investimentos apontada toma como base a retomada da taxa de crescimento da economia no mesmo nível dos anos anteriores.
Até 2040, a BNEF estima que o país adicionará 250 GW em nova capacidade de geração de energia, um volume 189% maior do que o que se tem atualmente, chegando a 383 GW ao final desse período. O estudo aponta ainda que desse volume 89% serão compostos de energias renováveis, ainda contando as grandes UHEs. Mas, caso essa previsão se confirme as renováveis não-hidrelétricas deverão saltar dos atuais 14% da capacidade instalada para 51% na década de 2040.
Esse caminho, diz a BNEF, tem relação como momento atual do setor elétrico. A crise nos últimos 18 meses sobrecarregou as distribuidoras e impulsionou os preços do insumo. Outro fator notado foi a necessidade de diversificação da matriz energética atual para além da geração hidrelétrica. E esse movimento, continua, é inevitável ao passo que entram as fontes eólica, solar, biomassa e de PCHs.
Em termos globais, o estudo lançado nesta terça-feira, 23 de junho, aponta que há cinco grandes mudanças que ocorrerão no período até 2040. A solar tem um grande destaque nesse horizonte com a redução do custo da tecnologia fotovoltaica que irá estimular uma onda de US$ 3,7 trilhões em investimentos nesse segmento, tanto de grande quanto pequeno porte. Desse volume, identificou a BNEF, US$ 2,2 trilhões deverão ser destinados a sistemas distribuídos e outros sistemas fotovoltaicos locais para que os consumidores possam gerar sua própria energia. Essa tecnologia poderá ser associada ao uso de baterias e levar o insumo a áreas onde ainda não há abastecimento.
Esse verdadeiro boom da energia solar em pequena escala deverá elevar a capacidade de 104 GW em 2014 para 1,8 TW em 2040. Um aumento de 17 vezes em função da queda dos preços estimada em 47% por MW instalado. Outra grande tendência mundial é a redução da demanda por energia. Nos países da OCDE, em 2040 será consumido menos energia do que em 2014. Isso, devido ao aumento do uso de tecnologias que utilizam a energia de forma mais eficiente, com destaque para iluminação e climatização.
No que se refere ao uso de combustíveis, o gás natural é visto como uma opção de curto prazo e não o energético de transição para a saída do carvão. Nos Estados Unidos o shale gas poderá ser mais forte, mas em países em desenvolvimento o mix deverá entre o carvão e renováveis.
Como consequência, apesar de países do G7 terem anunciado a intenção de deixar o uso de combustíveis fósseis, as emissões globais de CO2 continuarão a aumentar até pelo menos 2029. Mesmo com o investimento de US$ 8 trilhões em renováveis há um risco para o clima já que em 2040 a perspectiva é de que os gases de efeito estufa estejam em um nível 13% acima do reportado no ano passado.
O estudo constata ainda que cerca de US$ 12,2 trilhões investidos na geração em termos mundiais até 2040, 22% serão em países da OCDE contra 78% em mercados emergentes. As renováveis serão responsáveis por dois terços desse valor. Enquanto isso, os insumos básicos de geração de carvão, gás e nuclear atrairão, respectivamente, US$ 1,6 trilhão, US$ 1,2 trilhão e US$ 1,3 trilhão.