Os parques eólicos em operação no Brasil que venderam energia a partir de 2009 em leilões da Agência Nacional de Energia Elétrica encerraram 2014 com fator de capacidade de 41%. Com isso, a geração eólica total no país alcançou 12,04 TWh, um volume 89,9% mais elevado do que no ano anterior e o suficiente para atender 6 milhões de residências. Em termos de capacidade instalada a fonte encerrou dezembro com 5.961 MW, crescimento de 72% quando comparado ao mesmo período do ano anterior. Esses dados fazem parte do Boletim Anual do Setor Eólico, uma publicação da Associação Brasileira da Energia Eólica, ao qual a Agência CanalEnergia teve acesso em primeira mão.
De acordo com a presidente executiva da entidade, Élbia Silva Gannoum, esses números refletem o grande ano que a fonte teve no país, mesmo tendo sido considerado um ano com ventos dentro da normalidade. O destaque está no fator de capacidade dos parques eólicos no país que está cerca de 10 pontos porcentuais acima dos melhores indicadores que se conhece na Europa e que se situam entre 28% e 31%. “Terminamos o ano com 238 parques e 5,9 GW em capacidade instalada. O Brasil mostra que é definitivamente um país atrativo para investimentos em energia eólica. No ano passado essa capacidade nos colocou entre os 10 maiores países em termos de usinas, o 4º maior em termos de investimentos e o 2º em atratividade, perdendo apenas para a China”, elencou a executiva.
Os números positivos, continuou Élbia, não param por aí. Em termos de energia gerada no ano passado houve um recorde de 2.155 MW médios no mês de outubro e que respondeu por 20% da demanda no Nordeste. Esse volume já é superior ao das PCHs no mesmo período. Até maio, quando há a ‘entressafra’ de ventos a geração eólica registrou a geração relativamente estável, variou apenas 100 MW médios no período ficando entre 843 MW médios e 747 MW médios. Contudo, de junho em diante a geração saltou para 1.271 MW médios até alcançar um patamar médio no segundo semestre de 1.877 MW médios.
Essa diferença é explicada ainda pelo aumento da capacidade instalada no país que ficou 2,5 GW maior que ao final de 2013. Esse aumento, destacou, proporcionou ainda o que chamou de ganhos sistêmicos, ou seja, aqueles que não se vê diretamente. Entre eles os dois mais importantes foram evitar a cobrança de cerca de R$ 5 bilhões em ESS originados da operação das térmicas que estão acionadas por conta da crise hídrica e servir como um reservatório virtual, pois ajuda a atender a demanda por energia no lugar das usinas de fonte hídrica. Em termos de redução de emissões, a energia gerada pelas eólicas evitou que pouco mais de 6 milhões de toneladas de CO2 chegassem à atmosfera.
“A eólica mostra que é altamente complementar às hidrelétricas”, resumiu Élbia que lembrou ainda que a geração pela força dos ventos devolveu R$ 3,5 bilhões aos consumidores por meio da Coner, a conta de energia de reserva.
Ao total, em 2014, o Brasil recebeu R$ 18 bilhões em investimentos em energia eólica. Grande parte desses aportes, destacou, financiado pelo BNDES que possui uma regra de nacionalização de produção bem sucedida. “Com esses aportes a fonte eólica gerou 36 mil postos de trabalho. No total, com os atuais 6,6 GW em capacidade instalada que o país possui são 100 mil empregos. Até o final de 2019, quando teremos quase 18 GW, que já estão contratados, serão 150 mil postos de trabalho”, projetou a presidente executiva da ABEEólica.
Seguindo o planejamento para 2015 a projeção é de que o país encerre o ano com 9,6 GW de capacidade instalada. Se essa previsão se confirmar, o país avançará para um patamar entre 4º e 5º maior entre os países do mundo que possuem geração eólica. Esse volume, acrescentou a executiva, vem associada à ampliação da cadeia de produção nacional que foi exigida e atendida pela exigência do BNDES que é a principal fonte de recursos para a continuidade desses investimentos no longo prazo, e cujas regras de conteúdo nacional estarão totalmente implementadas em junho do ano que vem.