A publicação com ressalvas das demonstrações financeiras relativas ao primeiro trimestre não resultará em rebaixamento de rating (BB/Estável) da Eletrobras, informou a agência de classificação de risco Fitch, nesta segunda-feira, 1º de junho. A decisão da auditoria KPMG de fazer ressalvas às demonstrações reflete incertezas sobre os resultados de uma investigação de recebimento de propina por um ex-presidente da subsidiária Eletronuclear. A Fitch acredita que, mesmo se comprovadas, as suspeitas corrupção não impactarão o caixa ou a geração de fluxo de caixa da companhia no curto prazo.

A empresa também deixou de submeter o formulário 20-F à Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos (SEC). O atraso se deveu não somente às investigações, mas também ao fato de o auditor estatutário da sua companhia de propósito específico Energia Sustentável do Brasil Participações não se achar suficientemente independente, conforme determinado pela SEC. Assim, foi preciso indicar outra empresa para auditar as demonstrações financeiras de ESBR.

Segundo a Fitch, o atraso na submissão do formulário não impacta os covenants da Eletrobras. "A companhia tomou as medidas necessárias para divulgar as demonstrações financeiras auditadas do trimestre elaboradas pelo BRGAAP, atendendo à política da SEC ao divulgar pública e provisoriamente a falha na submissão e sua causa".
 
Há dois anos, a Fitch rebaixou os IDRs (Issuer Default Ratings – Ratings de Probabilidade de Inadimplência do Emissor) da Eletrobras para patamares de alto risco (‘BB’). A ação de rating refletiu o impacto altamente negativo sobre a qualidade do crédito da decisão da empresa de aceitar a renovação antecipada de todas as suas concessões de geração e transmissão de eletricidade programadas para expirar de 2015 a 2017. "A Eletrobras continua enfrentando muitos desafios para alcançar uma estrutura de capital sustentável sem o suporte do governo e para diminuir significativamente seu balanço, através de amortização de dívida, melhoras na geração de fluxo de caixa operacional e desinvestimentos no segmento de distribuição", destacou a agência.